Pleno de oportunidade e de verdade

|Hélio Bernardo Lopes|
Por via da natureza humana, a História da III República em Portugal teve de suportar-se numa estrutura mitológica, tecida lenta e gradualmente e que se suportou, em mui larga medida, no modo acéfalo como a grande comunicação social se foi encarregando de tratar os diversos acontecimentos que por aqui foram tendo lugar.

Durante décadas foram erigidas duas histórias fantasiosas ao redor de duas estruturas nacionais, por cuja atuação o País teria passado as passas do Algarve, ficando atirado, deste modo, para a cauda da vida histórica dos povos europeus. Essas estruturas foram o Conselho da Revolução – os militares, de um modo muito geral – e o Partido Comunista Português.

Tive já a oportunidade, por vezes muito diversas, de desmistificar estas falsas realidades, que nunca, de facto, tiveram lugar. A verdade é que o politicamente correto, sempre alimentado pela grande comunicação social, acéfala ou cúmplice, lá foi tecendo a sua teia mitológica ao longo de décadas, o que, segundo parece, terá agora tido um fim. Um fim que se nos mostrou como um doloroso parto. Havia-se ido demasiado longe na mentira e na mistificação.

Claro está que o que eu digo a amigos sobre este tema conta realmente e, de um modo muito geral, recebe uma aquiescência fácil e rápida. Mas o mesmo não terá lugar por via dos escritos, lidos a frio, digamos assim. Mas o mesmo não acontece se tal realidade for exposta do mesmo modo, mas por alguém publicamente conhecido e reconhecido.

Ora, isto mesmo foi o que ontem fui encontrar num excecional artigo de opinião do causídico Magalhães e Silva, intitulado, EANES. Aí nos refere o autor, logo ao início do texto, que ao contrário do que grande parte do Arco da Governação continua a sustentar, não houve, no Portugal de 1975, qualquer risco de instauração de um regime comunista.

Bom, caro leitor, é a mais plena verdade histórica. Eu mesmo, precisamente em Junho desse ano, tive a oportunidade de garantir a alguém em clima de aflição, que nada de mal viria a dar-se em Portugal, mormente a instauração do comunismo. E foi com lágrimas que fui abraçado, já perto do final desse ano, por aquele antes referido, que teria mesmo pensado em pôr termo à vida.

Remeto o leitor para a evidência da explicação de Magalhães e Silva, apresentada logo de seguida neste seu texto e que é o que eu mesmo discorri junto daquele meu conhecido que não mais voltei a ver até hoje. A verdade é que a grande mentira do perigo do comunismo se instaurar em Portugal no tempo do PREC acabou por projetar-se estrategicamente até há muito pouco tempo. E, como se foi podendo ver, acabou por servir os grandes interesses e os forçadamente convertidos à democracia, embora apenas meramente formal. Enfim, um texto que vale a pena ler, este de Magalhães e Silva.

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN