Desacreditadas? Mas porquê!?

|Hélio Bernardo Lopes|
Num qualquer dia da passada semana, um dos grandes jornais nacionais salientava, logo na sua capa, que as nossas secretas estariam completamente desacreditadas. 

Como facilmente se poderá intuir, não pude concordar com tal conclusão: nem por fazerem o que foi exposto, no tribunal, pelo nosso concidadão Jorge Silva Carvalho, adequadamente autorizado pela presidente do mesmo, nem pelo facto de tais realidades terem chegado ao domínio público.

Quanto ao primeiro ponto – por fazerem o que foi exposto pelo nosso concidadão Jorge Silva Carvalho no tribunal –, tais realidades de há muito são conhecidas do grande público. Ninguém que seja realmente independente alguma vez imaginou outra coisa, talvez com a exceção da posse de grandes órgãos de informação. Mas por ser em Portugal, um país pequeno e sem grande riqueza, não porque tal seja coisa singular. Pelo contrário, a atividade das secretas, e seja o lugar do mundo o que for, vive sempre sem ser controlada e a coberto do segredo de Estado, o que a torna extremamente livre em matérias as mais diversas.

Por outro lado, o facto de tais realidades terem chegado ao domínio público também não constitui um fator de descrédito, porque situações similares foram vividas, publicamente, em países diversos e onde está presente – em teoria, claro – o tal Estado de Direito Democrático. Basta recordar a presidência de James Carter, a CIA e a ação de Stansfield Turner e do Congresso, com tudo o que depois teve lugar. E a verdade é que a vida continuou, sempre com a CIA bem à tona de água. A CIA e, claro está, a ANS.

Simplesmente, neste nosso caso tudo se torna mais fácil, dado que os fiscais dos serviços de informações vieram negar o que foi dito por Jorge Silva Carvalho, assegurando não terem detetado condutas violadoras da lei nos organismos que constituem o Sistema de Informações da República Portuguesa. Ou seja: Jorge Silva Carvalho, que estava lá dentro e era o líder do SIED, disse o que se sabe, mas os fiscais, que não estavam lá dentro, dado nada terem detetado – não dizem que nada existiu de mal, mas apenas que não foi detetado...–, logo concluíram que o que disse Jorge Silva Carvalho não é a realidade. E, como se percebe facilmente, cada um de nós acredita logo uns mil por cento nesta explicação, que dava para reprovar em Lógica no Secundário. Como vê, caro leitor, temos a democracia e a funcionar completamente em regime estacionário!

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