Nada é mais natural

|Hélio Bernardo Lopes|
Foram recentemente publicados os resultados do Inquérito do Orçamento Aberto 2015, dado a conhecer pelas Nações Unidas. E foi sem espanto que se soube, por exemplo, que o Orçamento do Estado do Malawi é mais transparente que o de Portugal. 

Uma realidade que, malgrado não me causar espanto, também não seria capaz de imaginar, embora talvez por alguma razão de raiz preconceituosa em face da generalidade dos Estados do continente africano.

Simplesmente, o relatório diz ainda mais, como, por exemplo, que os orçamentos da Rússia, da Roménia, da Geórgia, da Bulgária e do Peru também são mais transparentes que o de Portugal. Realidades extremamente desagradáveis, mas que não podem ser desligadas de dois fatores essências: o do modo português de estar na política e na vida e a decadência moral, ética e política da União Europeia dos tempos de hoje. Até da própria estrutura da Cúria Romana. No mínimo...

A tudo isto há que adicionar as frequentes chamadas de atenção das estruturas de magistrados, que até têm referido a ausência perigosa de meios de toda a ordem no domínio do funcionamento dos Tribunais. E também das autoridades policiais, como ontem mesmo referiu o Chefe do Estado-Maior da Armada, a propósito da escassez de meios do Instituto de Socorros a Náufragos. No fundo, falta muito e um pouco por toda a parte, o que mostra bem o desastre governativo da anterior Maioria-Governo-Presidente da Direita que nos (des)governou nestes últimos quatro anos.

É verdade que somos membro da União Europeia, mas já não tínhamos horizonte de felicidade nem de libertação da pobreza induzida em quase todo o tecido social pela ação do anterior Governo de Pedro Passos Coelho. Iremos agora ter a oportunidade de poder medir o valor de verdade das palavras de Catarina Martins anteontem, a propósito das gigantescas forças e pressões de todo o tipo que os que fazem do dinheiro o seu deus irão tentar impor ao próximo Governo, se, no entretanto, as regras democráticas ainda voltarem a funcionar. É tudo isto que explica, muitíssimo bem, o péssimo lugar, em termos relativos, da transparência dos nossos Orçamentos do Estado.

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