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|Hélio Bernardo Lopes| |
Uma copiosa derrota, desde que o académico António Sampaio da Nóvoa coloque o seu sonho para Portugal no lugar mais adequado, deixando à direção do PS a possibilidade de poder optar por alguém da máquina partidária, com uma ligação muito forte à generalidade dos meios conservadores do País.
É hoje interessante constatar como a garantia dada pelo PS durante a campanha eleitoral, de que votaria contra o programa desta coligação, reprovando o seu orçamento para o próximo ano, está prestes a ser deitado para o cesto das promessas a não cumprir. E o que foi dito na altura, aos eleitores portugueses, é que com o PS palavra dada seria palavra honrada.
Também não deixa de ser interessante, até gracioso, escutar as palavras de Manuel Alegre, pedindo que o PCP e o Bloco de Esquerda deixem de continuar a manter as suas promessas eleitorais! Num certo sentido, até se compreende, porque o PS prepara-se, afinal, para fazer isso mesmo, transformando-se numa bengala política da atual coligação governativa. Aliás, desde o primeiro Governo de Mário Soares que o PS foi o grande abridor de portas em favor da direita que havia sido afastada na sequência da Revolução de 25 de Abril.
Mas o que encontrei nesta nova fase da vida – final? – do PS foi a luminosa ideia de Jorge Coelho, em plena Quadratura do Círculo, de que o PS, no domínio da próxima eleição para o Presidente da República, opte por uma atitude à Pilatos: os outros que escolham, que na segunda volta logo se verá. No mínimo, trata-se de uma excelente ideia para uma série televisiva no domínio da ficção política.
Simplesmente, torna-se hoje muito simples extrapolar das eleições presidenciais para as autárquicas que se seguirão, uns dois anos depois: a curta vitória de António José Seguro bem poderá vir a desaparecer, deixando o PS de liderar todos os setores do poder político. No fundo, será a chegada a Portugal da onda que varreu do espaço europeu os partidos do dito socialismo democrático, rendidos que se mostraram à estratégia neoliberal de poder. Uma estratégia que se lhes mostrou fatal, porque para realizar a mesma há já gente da área adequada.
Por fim, um dado extremamente importante: será agora que surgirão as comissões de inquérito parlamentar ao redor dos mil e um temas sempre aflorados e nunca realmente tratados, fruto da obstrução da anterior maioria absoluta do PSD e do CDS/PP? Num país onde a corrupção é mato, torna-se essencial avançar no esclarecimento de tais realidades sempre tão badaladas e deixadas pelo caminho. A ver vamos o que virá o PS a viabilizar.
E também a fazer votar na Assembleia da República. A verdade é que, com toda a sinceridade, já com a direita do PS prestes a tomar o poder interno no partido, no que eu creio é que, finalmente, o PS irá dar corpo ao que Mário Soares, in extremis, impediu a António José Seguro.