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|Hélio Bernardo Lopes| |
Com pouco mais de quatro décadas de vida e com a vitória de Salazar no concurso sobre O MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE, percebe-se hoje facilmente que o País, em mui boa media, constitui um isomorfismo do estado para que foi atirado o mundo por via da política hegemónica e belicista dos Estados Unidos. Os alertas do líder comunista são, também num certo sentido, como as referências do Papa Francisco à terceira guerra mundial, hoje a decorrer aos pedaços, mas já à beira de poder degenerar em algo realmente fatídico para o mundo.
É natural que Jerónimo de Sousa e Catarina Martins tenham tomado consciência do gravíssimo erro cometido contra os portugueses, ao terem-se aliado à direita e ao redor do PEC IV, para mais quando Aníbal Cavaco Silva era o Presidente da República. E é igualmente expectável que não pretendam agora pôr um fim, de facto, no que resta da Revolução de 25 de Abril e da Constituição de 1976. Indubitavelmente, ter-se-ão dado conta das perigosas ideias apresentadas pelo Presidente Cavaco Silva na recente Sessão Solene de Abertura do Ano Judicial. Seria, provavelmente para sempre, o fim efetivo de um qualquer sonho de natureza social legítimo. Seria o nascimento de um controlo total do poder político pela direita dos interesses.
Há, pelo meio de tudo isto, um responsável político, e que é o PS. Mas não o de António Costa, sim o que nasceu com a Revolução de Abril e se determinou a ir abrindo todas as portas aos grandes interesses que hoje dominam Portugal e estão a minar a nossa vida democrática. Não foi por governar mal que o País chegou ao estado atual, sim porque o PS, logo desde o início, teve sempre como aliados os que, há quatro anos, também tiveram o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP.
Hoje, depois de tudo o que se lhes tem escutado, PSD e CDS/PP já estão por tudo. Ou antes, dizem que estão, porque os portugueses sabem que, daquelas bandas, o que vale hoje logo não vale no dia imediato. Os exemplos de tal realidade contam-se por centenas. E é nestas circunstância que tem de ser visto o apoio de uma meia dúzia de velhos políticos do PS à candidatura mais apreciada pelo PSD e pelo CDS/PP, que é a de Maria de Belém. E também aquele conjunto de velhos ausentes da política real e dura, que agora veem de novo o perigo comunista já no horizonte!! Só ainda não balbuciaram que Jerónimo de Sousa é o homem de mão de Vladimir Putin.
O apoio dado pelos portugueses à Revolução de 25 de Abril tem por igual de ser olhado à luz dos resultados do tal concurso antes referido. Ele constituiu o primeiro grande aviso àquelas pessoas que apoiaram o 25 de Abril, embora, acima de tudo, pelo fim da contingentação militar e pelo aumento de bem-estar social que foi surgindo. Não fora tal e todo o decaimento que se vem vendo teria começado muito mais cedo. A data histórica do tal concurso é que nos indica o início de uma ofensiva já virada para a desminagem da Revolução de 25 de Abril.
Depois, como se deu logo desde o início da III República, a permanente luta contra o Estado Social. Primeiro, contra o Serviço Nacional de Saúde. Depois, contra o aumento da escolaridade obrigatória e com o acesso fácil ao ensino e ao saber. Por fim, esse tesouro fabuloso que é a Segurança Social Pública. Sem estes elementos, a esquerda perde toda a sua razão história para atuar. Como facilmente se percebe, para gerir uma riqueza, pequena ou grande, muitíssimo mal distribuída, a direita é bem melhor que a esquerda. Esta tem que gerar o progresso e distribuir a riqueza criada com justiça. A direita só tem de legitimar-se pelo voto, mesmo que à custa de fantásticos embustes conseguidos com a ajuda da grande comunicação social, hoje plenamente dominada pela direita dos interesses, sem pátria nem ética na política.
A recente atribuição do Nobel da Economia vem mesmo ao encontro do que se passa hoje em Portugal, onde se misturam, como se vai vendo, consumo, pobreza, e segurança social. O laureado, ao que li, ajudou a criar padrões que permitem comparar a segurança social e a pobreza em diferentes países. E também se interessou pela relação entre o consumo e o rendimento das pessoas, com as suas reflexões a alterarem profundamente o domínio da macroeconomia. Por fim, vem-se dedicando a medir a pobreza em diversos países.
Um dado é certo: tudo isto se liga com o que os portugueses viveram ao longo destes quatro anos, com centenas de milhares de concidadãos a ter de deixar Portugal, sendo excelentemente recebidos em países diversos, desde europeus aos do Golfo e outros. Diziam muitos dos mentirosos da nossa vida política que o ensino era mau, mas não é isso que se tem visto lá por fora, naqueles lugares que alumiam duas vezes.
Mas os perigos para a democracia em Portugal estão longe de esconjurados, porque o resultado da eleição para o Presidente da República pode voltar a fazer surgir o que se viu nestes últimos dez anos, embora por outra via. Cabe a cada português defender a democracia e a liberdade a cada dia que passa, e impõe-se-lhe, por isso, que esteja atento, que pense e que saiba separar a brincadeira pandegona, de aparência superior, da realidade sincera e dedicada.