O mundo que temos

|Hélio Bernardo Lopes|
Com o triunfo neoliberal, sob comando dos Estados Unidos, teria sempre que vir a criar-se a situação mundial a que se chegou. Como se vai podendo ver, dia após dia, tudo parece valer, sem que daí advenha um qualquer problema. Seja aos autores de fantásticos crimes os mais diversos, seja às próprias vítimas. Passou a valer tudo e sem que ninguém se rale.

Ontem mesmo, chegou-nos a notícia de que a entidade reguladora da banca suíça estará a investigar sete bancos por suspeita de manipulação no mercado de metais preciosos, dado terem surgido indícios de acordos ilícitos na negociação daqueles metais. Acordos em torno da fixação dos spreads cobrados, mormente com os casos do ouro, prata, platina e paládio.

No entretanto, em plena Assembleia Geral das Nações Unidos, num gesto repleto de cinismo, Barack Obama lá defendeu a saída de Bashar al-Assad da liderança política síria, de molde a que – diz ele – se possa encontrar uma solução sem guerra nem carnificina. Um gesto marcado por um fantástico cinismo, uma vez que a guerra hoje a ter lugar na Síria sempre foi apoiada pelos Estados Unidos desde o seu início.

Simplesmente, Vladimir Putin respondeu a esta infeliz e cínica tomada de posição, salientando que o Estado Islâmico apenas é combatido pelas autoridades sírias e pelos curdos da Turquia e zonas envolventes. Da parte dos Estados Unidos e da União Europeia o que tem podido ver-se é uma atitude de medo e de aflição, em face da vaga de refugiados, mas sem nunca porem em causa o estranhíssimo Estado Islâmico...

Ao mesmo tempo, o já histórico caso da Volkswagen, já estendido a outras marcas de automóveis, percebendo a fantástica onde de criminalidade que varre, nestes dias, o mundo capitalista ocidental. E se nos lembrarmos dos submarinos – dos gregos e dos nossos, seguramente entre outros –, ficamos com uma ideia de como os alemães são trabalhadores e nós uns mandriões, para mais sempre a viver acima das nossas possibilidades... Para já não falar da banca norte-americana, onde o (quase) único Kilas encontrado foi o coitado do Maddof.

Por fim, um novo caso velho: o da responsabilidade da Polónia na II Guerra Mundial, mormente por sempre se ter recusado a criar uma frente antinazi. Como muitíssimo bem se sabe, foram mais de três milhões os judeus assassinados na Polónia durante o anterior conflito mundial. De resto, sabe-se hoje também de um modo inquestionável que sempre a França e a Inglaterra foram contemporizando com o III Reich, esperando uma invasão alemã da antiga União Soviética. Uma invasão que o Pacto Germano-Soviético inviabilizou, assim abrindo as portas à partilha da Polónia pelos alemães e soviéticos. E que permitiu que muito boa gente medrosa tivesse um motivo para deixar de ser comunista em Portugal… E, como facilmente se percebe, se a União Soviética, no final da guerra, não tivesse procedido como se sabe, passaria a ter ali o que os Estados Unidos criaram agora na Ucrânia e pretendem criar na Síria, se Bashar al-Assad deixar o poder. Está a tentar reescrever-se a História da Segunda Guerra Mundial.

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