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| |Hélio Bernardo Lopes| |
No meio de tudo isto, parece que Tereza de Sousa lá se deu conta de que OS EMPATEES TÉCNICOS JÁ NÃO SÃO O QUE ERAM, tal como também Miguel Sousa Tavares lá se determinou a tocar, com muita leveza, no tema em causa. A grande verdade é que tudo continua a passar-se como se nada de estranhamente recorrente se tivesse passado, com erros em sucessão acentuada e – esses sim – garantidamente anunciados.
Este caso mostra uma caraterística muito típica dos ditos Estados democráticos ocidentais, onde os jornalistas, analistas e comentadores vão debitando autênticas cassetes, muitas vezes sem conteúdo, e mostrando-se completamente incapazes de mudar de rumo, reconhecendo os seus erros e limitações.
Hoje mesmo, nós podemos assistir diariamente às ininterruptas e inúteis conversas dos que surgem nas nossas televisões a perorar sobre a demanda maciça de refugiados, sem serem capazes de explicar a verdadeira causa da mesma e muito menos sugerir um caminho resolutivo para o problema. Clamam contra o líder do Governo Húngaro, mas nunca surge uma análise capaz do seu pensamento político. Estando na União Europeia, haja o que houver, é um democrata.
Ouvem-se as palavras do Papa Francisco sobre a Terceira Guerra Mundial, para já a ter lugar aos pedaços, mas foge-se a explicar o que os Estados Unidos já estão a preparar contra a Rússia e a China, o que está a dar-se com a mudança constitucional na Alemanha e no Japão, e como está a mudar a política norte-americana para com os Estados da América Latina. Fala-se da passagem de Cuba para uma democracia, mas recusa salientar-se que tal irá representar, com mui elevada probabilidade, o regresso a um passado de exploração do povo cubano e do potencial da sua localização por parte de mil e um norte-americanos. No fundo, uma adequação modernizada dos tempos de Fulgêncio Batista.
O que mais me consegue ainda causar espanto é constatar o modo completamente desinteressado como o nosso jornalismo se comporta como mais uma vulgar profissão, completamente incapaz de assumir a defesa dos mais pobres e explorados do mundo, nomeadamente no designado horário nobre. Olhando com alguma atenção, os nossos canais televisivos estupidificam muito mais do que ensinam. Nalguns casos, os programas constituem-se em verdadeiras balbúrdias. Tenho, por tudo isto, que dar o meu apoio às recentes considerações de Rui Rio: a comunicação social tem tido uma grande responsabilidade na desvalorização da democracia em Portugal. É a dolorosa realidade.
