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|Hélio Bernardo Lopes| |
Trata-se de um acontecimento que, se olhado com independência de análise, mostra que, mau grado o modo aparentemente abrutalhado de Donald, ele consegue, como usa dizer-se, chamar os bois pelos nomes.
Recordo, por exemplo, aquela sua referência ao isolamento dos Estados Unidos perante a generalidade dos povos do mundo, realmente com uma extrema má vontade em face da política de violência, de cinismo e de abuso de todo o tipo de direitos, um pouco por todo o lado. Nestes dias mais recentes, porém, Donald Trump veio à liça com os casos do Iraque e da Líbia, embora pudesse também ter referido o caso da Síria, ou o mais recente da Guatemala, cujo presidente ora deposto já veio a terreiro salientar ter existido uma mão norte-americana por detrás do que se deu e está a dar consigo.
Como muito bem salientou Donald, antes de tudo isto (quase) não existiam terroristas no Iraque, o que é uma cabalíssima verdade. E logo salientou que o mundo de hoje estaria melhor se os antigos ditadores iraquiano Saddam Hussein e líbio Muammar Kadhafi ainda estivessem no poder. Bom, é a evidência, já por mim tantas vezes referida e logo desde o início das garantidamente falhadas primaveras árabes.
Mas Donald Trump logo juntou que antes (desta ingerência dos Estados Unidos) não existiam terroristas no Iraque, porque Saddam Hussein matava-os logo, com o Iraque hoje transformado na universidade de excelência do terrorismo. E concluiu: hoje já não há mais Iraque ou Líbia, porque estão despedaçados, sem controlo, onde ninguém sabe o que se passa.
E terminou com esta realíssima verdade: a Líbia, o Iraque e a Síria são autênticas catástrofes, que surgiram com as intervenções de Hillary Clinton e de Barack Obama. Bom, é a velha e histórica realidade que os soviéticos tão bem conheceram, e que sempre os levou a preferirem presidentes republicanos na Casa Branca: são mais diretos, de palavra garantida e muito menos cínicos. É o que pode já ver-se com o Nobel da Paz Obama, e que irá continuar se os norte-americanos tiveram o azar de eleger Hillary para a Cassa Branca, como se deu com os portugueses, ao escolherem Aníbal Cavaco Silva para Belém.
Por fim, o recente pedido de desculpa de Tony Blair pelo apoio que deu à Guerra do Iraque, uma ação completamente ilegal e que criou a devastação que se conhece, tendo acabado por desembocar no Estado Islâmico de hoje, também ele com uma mão oculta dos Estados Unidos por detrás.
Tony Blair, infelizmente, não deverá vir a ser julgado pelas mil e uma mentiras e incompetências que ajudou a levar aos povos do Médio Oriente e já também europeus, mas reconhecem todos que é um mentiroso natural e um político malandro.