![]() |
|Hélio Bernardo Lopes| |
Tal como sempre salientei, a direita apenas apresentará um verdadeiro candidato e que será, quase com toda a certeza, Marcelo Rebelo de Sousa. Tudo o resto que se foi dizendo, objetivamente, nunca passou de jogos de cenários, mas com um resultado antecipadamente garantido.
Já quanto à dita esquerda – o PS e os partidos de esquerda –, a confusão foi sempre a marca constante. Objetivamente, nada é ainda conhecido com certeza. E, a fazer fé nas declarações de Jorge Coelho na Quadratura do Círculo deste domingo, tudo permite concluir que a confusão vai agora crescer no PS, com uma meia dúzia a defender uma candidatura de género, assente em Maria de Belém. Como em tempos salientou Adelino Amaro da Costa, o direito à asneira é livre.
É agora muitíssimo provável que o PCP apresente um candidato seu, embora destinado a um resultado próximo do valor nulo. E, quase com toda a certeza, nem mesmo tal ajudará à afirmação do PCP ou da CDU. Mas ajudará, com toda a certeza, a criação de um sentimento de divisão política à esquerda e a potenciação do candidato único da direita, que deverá vir a ser Marcelo Rebelo de Sousa.
Sabe-se hoje que o PS tem no seu seio uma verdadeira quinta coluna, como já ontem começou a poder ver-se. Se há teoria que no PS nunca fez escola, essa teoria foi a de que candidato perdedor seria candidato a sair. Basta recordar Mário Soares, até António Guterres e José Sócrates. Simplesmente, essa quinta coluna, hoje presente no seio do PS, encontra-se absolutamente alinhada com o PSD e o CDS/PP, os três cantando desde ontem a mesma canção.
Acontece que o candidato, dos até agora surgidos, com maior garantia de poder sair vencedor é António Sampaio da Nóvoa, embora tal vitória requeira unidade do PS com os partidos de esquerda. Simplesmente, essa quinta coluna existente no seio do PS não o deseja por nada deste mundo. Foi esta a razão do surgimento da inacreditável candidatura de Maria de Belém. A verdade é que tudo na vida tem os seus limites. E por igual acontece que o académico António Sampaio da Nóvoa tem um nome e uma carreira a defender. Tem todo o direito de sonhar com um serviço seu a Portugal e aos portugueses – e seria excecional –, mas isso só será possível com o apoio institucional do PS e dos partidos de esquerda.
Neste contexto, se o PS, tal como defendeu inacreditavelmente Jorge Coelho, vier a não assumir o apoio a uma candidatura na primeira volta, mesmo que o PCP não apresente um candidato seu, a candidatura de António Sampaio da Nóvoa será sempre explorada pelo PSD e pelo CDS/PP, de parceria com a grande comunicação social que lhes é afeta, como uma candidatura de extremistas. Tornar-se-á grande, pois, a probabilidade de Marcelo poder vencer logo na primeira volta.
Pelo que exponho antes, eu penso que a vida política portuguesa só terá a ganhar com uma clarificação da sua realidade intrínseca. Se António Sampaio da Nóvoa persistir na sua candidatura de grande qualidade – é a mais qualificada –, acabará por vir a ser acusado de ser o causador da derrota de Maria de Belém e da vitória de Marcelo Rebelo de Sousa. E o mesmo se dirá, de algum modo, de Henrique Neto. Assim, eu penso que a candidatura de Maria de Belém deverá ser deixada só, à disposição do PS e dos partidos de esquerda. Assim se verá o seu real valor e o correspondente peso do PS nesta sua decisão. Tal como a dos partidos de esquerda. Será o modo de perceber se o estado de choque de Ana Gomes não passou de uma expressão, mas por igual o modo de perceber o verdadeiro estado a que o PS, fruto desta sua recente quinta coluna, acabou por chegar. É essencial clarificar a vida política portuguesa.