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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Simplesmente, nestes dias recentes encontrei algumas citações suas que me deixaram verdadeiramente desvanecido, porque as mesmas contêm todo um programa eleitoral e materializam uma grande sabedoria política.
Assim, António Saraiva não acredita que o emprego em Portugal possa crescer aplicando-se, por si só, as medidas propostas no programa da coligação ou do principal partido da oposição. Achei graça e disse para comigo: mas os outros partidos não têm nadinha que possa aproveitar-se?
Continuando no desenvolvimento das suas ideias, António Saraiva logo referiu que, mais do que alternativas, as propostas dos partidos em matéria de emprego são complementares, pelo que se deve aproveitar de melhor o que há em cada uma delas: aumento das exportações no caso da coligação e aumento do consumo interno no caso do PS. Porque não pensarão assim os Estados Unidos, procurando, com a Rússia, a China, a Índia, o Brasil, a Alemanha, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia – todo o Reino Unido – e o Japão, encontrar a reunião das grandes e boas linhas de cada um? E será que os políticos destes Estados estão a par das ideias de António Saraiva? Saberão todos eles que no meio é que está a virtude?
Um pouco à frente, lá voltou uma já histórica cassete, ao referir que para gerarmos crescimento económico temos que dar condições às empresas, são elas que criam riqueza e geram emprego, para que desenvolvam as suas atividades. E continuou: temos que remover os obstáculos que elas têm pela frente, temos que criar um ambiente mais amigável do investimento, seja ele estrangeiro ou nacional, e isto não é fácil.
Ficou-me, pois, esta dúvida: será que António Saraiva sabe que o Papa Francisco tem dito, sucessivamente, que a cartilha que referiu constitui uma economia que mata? E ainda mais esta: acaso não percebe António Saraiva que o modelo por si defendido – e pelos empresários, em geral – é o que tem vindo a fomentar a grande criminalidade organizada transnacional? E, por fim: acredita António Saraiva que só Madoff era da estirpe que se veio a saber publicamente – os organismos norte-americanos já conheciam o caso, em crescendo, há quase vinte anos?... Mas que programa! E que sabedoria política!!
