Modelo computacional ajuda tratamento do cancro

O investigador Rui Travasso, do Departamento de Física da Universidade de Coimbra (UC), liderou uma equipa interdisciplinar internacional que simulou o crescimento de vasos sanguíneos que ocorre durante o desenvolvimento de um tumor, permitindo esclarecer como a proliferação das células dos vasos sanguíneos é regulada durante o crescimento vascular.

Rui Travasso
Este trabalho, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), envolveu físicos, engenheiros biomédicos, médicos e biólogos no desenvolvimento de um modelo computacional quantitativo que descreve o crescimento de novos vasos sanguíneos e terá importantes implicações no desenvolvimento de novos tratamentos para o cancro e não só.

«Este modelo computacional, desenvolvido a partir de experiências realizadas pelos grupos coordenados por Henrique Girão e Raquel Seiça, da Faculdade de Medicina da UC, demonstrou pela primeira vez como a proliferação das células que compõem os vasos sanguíneos depende da tensão mecânica a que está sujeito o novo vaso durante o seu crescimento», sublinha o líder do estudo.

Rui Travasso explica que «entender em detalhe como os vasos sanguíneos crescem é essencial para controlar o crescimento tumoral. O desenvolvimento de vários tumores e de diversas patologias como a retinopatia diabética alicerça-se num rápido crescimento da vasculatura sanguínea. No caso do cancro, estes novos vasos são os responsáveis por levar ao tumor os nutrientes necessários à sua rápida proliferação».

Por esta razão, prossegue o investigador da Faculdade Ciências e Tecnologia da UC, «várias terapias são desenvolvidas com vista a diminuir a vasculatura à volta das lesões tumorais. Apesar de terem bons resultados estas terapias são bastante onerosas, sendo por isso importante desenvolver novas estratégias para controlar a vascularização e a chegada de nutrientes ao tumor.»

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O conhecimento dos membros da equipa sobre a biologia e a física do sistema foi essencial no desenvolvimento desta pesquisa, já publicada na PLoS Computational Biology . Na realidade, este novo modelo computacional integra não só os sinais biológicos presentes no desenvolvimento de vascularização patológica, mas também a rigidez do tecido onde os vasos crescem e as forças exercidas pelas diferentes células do sistema.

Rui Travasso clarifica que «só assim foi possível verificar qual o papel da rigidez do tecido e das tensões mecânicas no desenvolvimento da vasculatura. Este trabalho tem como consequência a possibilidade de se utilizarem alterações nas propriedades físicas dos tecidos para dificultar o crescimento dos vasos num tumor.»

Estas simulações computacionais «foram possíveis graças ao investimento realizado na maior unidade de supercomputação do país, que está sediada na UC», conclui o investigador.

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra) 
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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