Evolução na continuidade

|Hélio Bernardo Lopes|
Lá fui forçado a acompanhar a apresentação do dito Programa de Governo da atual Maioria, embora tendo a certeza plena de que nada de verdadeiramente novo iria por ali escutar. Pois, foi pensado e constatado: trata-se, indubitavelmente, de um programa de evolução na continuidade da parte desta Maioria, formada pelo PSD e pelo CDS/PP.

Nestes termos, este texto bem poderia ficar por aqui, dado que pouco há para dizer sobre as ideias ali expendidas: mera conversa por dever de ofício. Uma conversa que se tentou mostrar como se se tratasse de ouro sobre azul. Em todo o caso, uma conversa que muito veio facilitar a previsão dos eleitores interessados sobre o que por aí poderia advir se esta atual Maioria-Governo continuasse à frente da condução da governação do País e dos portugueses.

Ontem mesmo, aí pela quatro horas e nove minutos da tarde, fui encontrar no Diário de Notícias mais uma sondagem aos leitores da edição online. A sondagem tratava a afirmação do PSD e do CDS/PP de que podem tornar a economia portuguesa numa das dez mais competitivas do Mundo. E fornecia aos leitores duas alternativas de escolha: é possível, se forem eleitos e o seu programa for cumprido; ou é impossível, porque não passa de propaganda eleitoral. A primeira hipótese havia recebido, a essa hora, 318 votos, representando 21 % do total, sendo 1172 o número de votantes na segunda hipótese, correspondente a 79 % do número de amostrados. O que mostra que a enorme maioria dos eleitores tem noção do valor-barrete do que foi apresentado na véspera como Programa de Governo.

Ora, esta eleição que se aproxima tem uma enorme importância, porque uma vitória da atual Maioria, representando, de facto, a evolução na continuidade da política prosseguida nos anteriores quatro anos, terá como consequência um empobrecimento ainda maior da generalidade dos portugueses, uma destruição muito mais profunda do Estado Social e um aumento crescente e continuado do fosso social, domínio onde Portugal dispõe já de um lugar cimeiro, no mínimo, ao nível da fatídica União Europeia.

Significa isto, pois, que se os eleitores não deitarem a atual Maioria pela porta do poder fora, serão esses eleitores a cavar a sua própria desgraça futura. A sua e a dos seus descendentes. Hoje, ao fim de quatro anos passados com esta Maioria-Governo-Presidente, já só por um franco e objetivo interesse puramente pessoal e material se pode pretender a continuação de uma governação que se materializará sempre numa garantida evolução na continuidade. Nunca a vontade dos portugueses contou tanto como desta vez.

Por fim, e entre outros domínios do Estado Social, o caso da Segurança Social: como se pôde agora perceber de um modo claro e inequívoco, a atual Maioria pretende privatiza-la, para tal deitando mão do famigerado e fatídico plafonamento. Seria, como facilmente se percebe, o fim das reformas da esmagadora maioria dos portugueses, já mesmo reformados ou a reformar no futuro. Tudo o que se pretende – na Saúde, na Educação e na Segurança Social – é privatizar, abrindo assim portas à negociata. É por ser esta a realidades que estas eleições são extremamente importantes. Estas e a destinada a escolher o Presidente da República. Só enfiará o barrete quem assim desejar.

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN