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|Hélio Bernardo Lopes| |
É o caso, precisamente, de Eduardo Marçal Grilo, a que se poderão juntar uma ou duas mãos cheias de efetivos militantes do PS, embora de há muito alinhados com os objetivos políticos da atual Maioria-Governo-Presidente.
De um modo já indubitável, estes apoiantes do PS – militantes ou sem coragem para tal, gente politicamente plástica –, de há muito se encontram alinhados com o pensamento e com a ação política daquele terno antes referido. Foi esta a razão da reação dos fundadores do PS que culminou na saída de António José Seguro da liderança do PS. Percebe-se esta realidade pela quase cabal ausência de críticas à ação política do referido terno. À medida que o mesmo tem destruído toda a estrutura do Estado Social, estes nossos concidadãos sempre se mantiveram silenciosos, apoiando mesmo o Tratado Orçamental – enganaram-se, dizem agora –, ou defendem a introdução na Constituição da República dessa mesma regra. Seria a vez do segundo engano. Sobre a perda de soberania e ao redor da plena ausência de futuro, estes nossos concidadãos nada vêm dizendo. Na melhor hipótese, ficam-se pela explicitação da esperança no futuro e no elogio dos portugueses...
Acontece que completei os meus sessenta e oito anos no início deste agosto, tendo almoçado com a família alargada e jantado com familiares e amigos. Mas não perdi a minha bica de pós-jantar, por acaso no café usual. E aqui encontrei outros amigos, um dos quais um histórico direitista. De modo que lhe coloquei esta questão: então o PS, com esta da Maria de Belém, lá vai tentar impedir a vitória do Sampaio da Nóvoa. Pois, a resposta foi rápida e de uma clareza inexcedível: talvez ganhe, tem o apoio da Opus Dei, da banca, etc., pelo que é capaz de causar alguma dor.
Expliquei-lhe que não poderia ganhar, usando uma argumentação que compreendeu e aceitou. Mas também lhe referi que ainda poderia vencer, desde que o PSD e o CDS/PP, perante a impossibilidade de qualquer um dos seus militantes apregoados poder ganhar a António Sampaio da Nóvoa, viessem a apoiar a sua candidatura. Bom, seria o fim do PS, o que também seria excelente para mui boa gente que por aí anda envolta em papel translúcido... Azares da vida, mas que a falta de ética política destes dias logo resolveria.
Simplesmente, eu achei uma terrível graça à mais recente notícia do i, ao salientar que Eduardo Marçal Grilo apoia a candidatura de Maria de Belém. De molde que me deitei a procurar por uma qualquer notícia a meu respeito, ou daquela diversidade vasta de amigos que apoiam António Sampaio da Nóvoa. Estranhamente, não encontrei nada.
É claro que Eduardo Marçal Grilo é incomensuravelmente menos conhecido que António Ramalho Eanes, ou Mário Soares, ou Jorge Sampaio. E, com um pouco de boa vontade, até do que eu mesmo. Pelo valor de um jantar, não hesitaria em apostar a meu favor. Mas achei graça à notícia do i, ao referir que Maria de Belém apresentará a sua candidatura em 05 de Outubro, salientando o simbolismo da data. Bom, caro leitor, desatei a rir, perante tal notícia, de pronto questionando: quem é que hoje liga ao 05 de outubro?! E até juntei a esta minha referência a seguinte dúvida: qual seria hoje o resultado de uma opção entre monarquia ou república?
A notícia referia que Maria de Belém tem percorrido o País, embora longe dos holofotes, sempre em contactos discretos. Bom, terá de ser assim, embora ninguém a tenha visto pelos lugares por mim mais conhecidos. O estranho é que tal ainda se mostre necessário, dada que, supostamente, Maria de Belém seria uma personalidade de grande notoriedade, o que se dizia (erradamente) não ser o caso de António Sampaio da Nóvoa. Mas o mais estranho para mim ainda foram as considerações incríveis de Eduardo Marçal Grilo: a ex-presidente do PS é alguém que admiro muito, pela sua atividade política, com vinte anos, mas também pelos seus quarenta anos na área da cidadania!!
Bom, caro leitor, fiquei perplexo. E sabe porquê? Pois, porque eu tenho mais de cinquenta anos de atividade política, nunca me recordando de ouvir falar de Maria de Belém antes de Abril, e ainda mais ao nível da cidadania, sempre discutindo as grandes questões do País, e sempre criticando abertamente quando assim entendi. Tudo, pois, muito melhor que Maria de Belém, só não tendo sido deputado ou governante porque ninguém me convidou para tal. Aliás, de um modo muito geral, é assim com quase todos nós.
Mas o que eu sei e muitíssimo bem é que António Sampaio da Nóvoa é alguém com qualidades imensamente acima de Maria de Belém. E qualidades de todo o tipo, incluindo as políticas e as da cidadania. Um dado, porém, é certo: a direita está desejosa de alguém como Maria de Belém. É olhada, inquestionavelmente, como uma hipotética boia de salvação, podendo talvez enfraquecer a candidatura de Sampaio da Nóvoa, na primeira volta, ou vir mesmo a ser apoiada na segunda pelo PSD, CDS(PP e por aquele conjunto de militantes PS ou (ditos) simpatizantes do partido que pululam agora à volta desta sua noticiada candidatura. Isto, caro leitor, é que é o comportamento daquela parte do PS, ou de gente que nele se costuma acolitar, qual minimum minimorum, que permitiu que Portugal chegasse ao atual desastre político-social.
Calados como ratos em face da destruição do Estado Social e da estratégica criação de pobreza, esta minoria vem agora defender a candidatura desejada pela direita. Bom, caro leitor, só teimosos ou muito interessados recusarão reconhecer tal evidência. Infelizmente para estes nossos poucos concidadãos ditos dos socialismo democrático, ou do socialismo cristão, para lá de um péssimo serviço a Portugal, ao PS e à generalidade dos portugueses, trata-se de uma candidatura de derrota. Ou será que PSD e CDS/PP tentarão evitar que assim seja?