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|Hélio Bernardo Lopes| |
A grande novidade, para mim, tem sido o comportamento da direita, embora tudo possa ainda vir a ficar como sempre me pareceu: um só candidato, muito provavelmente Marcelo Rebelo de Sousa. Custa acreditar numa candidatura de Pedro Santana Lopes – noticia-se agora que poderá voltar a tentar a Câmara de Lisboa – e nunca Rui Rio conseguirá indicações de voto que ultrapassem as de Marcelo.
À esquerda, porém, o pandemónio parece voltar a ser o habitual e que já conduziu a duas derrotas, com as consequências hoje conhecidas dos portugueses. À semelhança do por mim já reconhecido, Rui Moreira salientou agora que olhando para a situação atual da Presidência da República, vemos que nunca a Presidência esteve, enquanto órgão, tão mal vista pelos portugueses. Sendo esta a evidente e reconhecida realidade, impõe-se, como também referiu, que se regenere a instituição Presidência da República, o que dependerá muito do próximo Presidente da República.
Acontece que a direita portuguesa percebeu, com facilidade, que o académico António Sampaio da Nóvoa apresenta uma candidatura com elevada probabilidade de sair vencedora. Sairá, naturalmente, se surgir à direita mais que um candidato, assim gerando uma segunda volta. E só não sairá se o PCP se determinar a apoiar a candidatura única da direita através da apresentação de um candidato comunista.
Simplesmente, há uma meia dúzia de militantes do PS, que até poderiam hoje estar no atual PSD, que se esforça por lançar Maria de Belém Roseira como candidata. Trata-se, objetivamente, de uma candidatura de derrota, que deixará Maria de Belém a grande distância do vencedor de direita.
Que uma tal estratégia possa ser a preferida desses direitistas do PS, bom, ainda se pode perceber. Mas que tal iniciativa possa receber a simpatia da própria Maria de Belém é que já causa estranheza. Que razões pode hoje ter Maria de Belém para se candidatar, sabendo, por evidência forte, que tal candidatura será copiosamente derrotada? A uma primeira vista, só pode existir um objetivo: impedir a vitória de António Sampaio da Nóvoa e, por aí, permitir a vitória do candidato – deve vir a ser único – da direita. Bom, tenho, deste modo, que dizer e bem alto: eu quér’ápláudirr! Mas, enfim, teremos de ver, para poder crer.