|Hélio Bernardo Lopes| |
Claro que ninguém duvida da omnipresença da corrupção no mundo do desporto, e no do futebol em particular. Movimentando-se nestes ambientes verbas astronómicas, como é possível partir aqui do princípio da boa-fé? Só mesmo para anjos plenos de pureza. Basta recordar o caso de Lance Armstrong, ou os mil e um que constantemente surgem em olimpíadas. Simplesmente, tudo isto sempre se soube, tal como durante duas décadas teve lugar com a prática de vida levada por Bernard Maddof. Sempre a CMVM norte-americana foi avisada do caso, e em vezes sucessivas, mas limitou-se a mandar calar quem expunha a realidade.
O que este caso de agora, envolvendo a FIFA, tem de particular foi ser posto a nu em vésperas dos mundiais de futebol da Rússia e do Qatar. O grande objetivo é atingir economicamente estes dois países. O segundo porque é, com a Arábia Saudita, um apoiante líquido do Estado Islâmico, e o primeiro por não ter Vladimir Putin continuado a contemporizar com o cerco dos Estados Unidos à Rússia e na exploração das riquezas desta. Aliás, este tipo de práticas está já também a ter lugar para com a China, que já começou a mostrar a sua impaciência.
Interessante é notar que Gilberto Madaíl e Luís Figo ainda não tenham percebido esta realidade, parecendo acreditar que, tirando da FIFA estes dirigentes, tudo passará a funcionar na base da mais estrita legalidade!! De resto, sendo os factos passados ao nível da FIFA, eles terão de possuir metástases no âmbito de mil e uma confederações e federações. E se olharmos o nosso mais recente caso, agora no domínio do funcionamento do Hospital de Santa Maria, e atentarmos nas palavras do Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, percebe-se que a explosão de corrupção que varre o mundo é a consequência natural da globalização e do neoliberalismo. De molde que, como disse ao início, tenho de passar a jogar no Euromilhões.