|Hélio Bernardo Lopes| |
Objetivamente, não faltam derrocadas, sendo que nestes últimos dias se vêm acentuando quatro, ou mesmo cinco: a situação no setor da Saúde; a que atravessa o caso das forças de segurança e ordem pública; a que se está a desenvolver no seio das Forças Armadas; a ligada ao noticiado caso de reclusos a dormirem em corredores; e a que já percorre as magistraturas.
Em primeiro lugar, o setor da Saúde. É, indubitavelmente, o mais fácil de perceber por quem lê este texto, dado que a destruição progressiva do Serviço Nacional de Saúde e das suas estruturas complementares atinge praticamente todos e por todo o Portugal. Uma fantástica derrocada, de que nos chegam, a cada dia que passa, novas e terríveis notícias. Agora, para lá das limitações inerentes à pobreza e à miséria, temos ainda o caso das ambulâncias do INEM.
Devo dizer que tinha de Paulo Macedo, depois de ter passado pelos impostos, uma boa imagem, por acaso fortalecida por aquela sua presença numa missa pelo setor que tão bem havia tutelado, a convite de Manuela Ferreira Leite. Hoje, porém, depois de ter posto o Serviço Nacional de Saúde no estado que se conhece, a sua imagem é já a de um infinitamente pequeno político. Uma verdadeira derrocada.
Em segundo lugar, o caso das forças de segurança e ordem pública. Como se recordarão os que acompanham os meus textos, tive sempre dúvidas sobre a adequação de Anabela Miranda Rodrigues para o exercício das atuais funções políticas. Sendo professora catedrática da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, a verdade é que o exercício de funções políticas vai sempre imensamente para lá de um saber do tipo académico. Além do mais, sempre me intrigou a recusa de que foi alvo no concurso para juiz de certo tribunal europeu. Bom, os resultados estão agora à vista: depois de ter sido uma quarta escolha, encontra-se a anos-luz de Miguel Macedo em matéria de capacidade política. Uma verdadeira derrocada.
Em terceiro lugar, o ambiente que se vive nas Forças Armadas. Talvez sem ser por acaso, a verdade é que a tutela destas está nas mãos de quem convidou Anabela Miranda Rodrigues para diretora do CEJE, José Pedro Aguiar-Branco. Um verdadeiro sobe-e-desce da nossa vida política, ora parecendo fazer tudo bem, ora surgindo ao redor da sua ação política desagradáveis situações. Começa a mostrar-se uma outra derrocada política, agora já sem retorno fácil. A verdade é que há quem diga que nada se passa...
Em quarto lugar, o que hoje mesmo foi noticiado: existirão, alegadamente, reclusos nas prisões portuguesas que dormem nos corredores. A ser tal uma realidade, tem-se mais uma pérola no desastre que tem sido a intervenção política da ministra, Paula Teixeira da Cruz, sendo que um bom colar precisa de muitas pérolas. Esta é mais uma derrocada da fantástica sucessão delas que diariamente nos chega.
E, em quinto lugar e ainda no domínio da Justiça, o mais recente conflito de verdades com os magistrados, sejam judiciais ou procuradores. Como se vê, um verdadeiro rosário de erros e conflitos de natureza política. Uma sucessão de derrocadas mais que esperada e que de há muito se vem fazendo sentir sobre a grande maioria dos portugueses. Mas uma sucessão sobre que não se ouve uma palavra do Presidente Cavaco Silva.