|Tânia Rei| |
Na rua, um episódio de The Walking Dead. Mais malta que arrasta os pés e que é impelida a andar numa direcção por necessidades básicas. Caminham até a um destino definido em modo automático, mecanicamente.
Mas à sexta isto não acontece. À sexta cometemos loucuras. Há mais pessoas acumuladas no quiosque, onde passo todos os dias, porque toda a gente quer tentar a sorte das raspadinhas ou registar o boletim do Euromilhões. É normal. É que se há dia ideal para se ficar rico é à sexta-feira, que depois é sábado.
À sexta-feira fazem-se planos, antecipam-se tarefas adiadas por toda a semana. As pessoas sorriem, contando as horas para voltar para casa. O último dia útil da semana é uma alavanca para a preguiça que há-de ser.
À sexta-feira ninguém faz a ponta de um chavelho, simplesmente porque…é sexta. E toda a gente sabe que não se levam tarefas inacabadas para o fim-de-semana. É como se fosse véspera de feriado ou de final do ano, quando o “de maneira que agora só depois das festas” é a frase mais ouvida. E esta frase poderia ser ouvida todas as sextas-feiras, isto porque o fim-de-semana é uma festa.
Eu gosto do final de semana, mesmo quando, por ossos do ofício, trabalho sábado e domingo. Ao fim-de-semana tudo é feito em ritmo de passeio, porque o nosso cérebro assimila que não é dia de semana, e, por isso, temos tempo para tudo – não há telefones a tocar, não há repartições públicas abertas, não há pessoas a pedir favores e a mandar recados.
Como disse linhas acima, à sexta cometemos loucuras. Loucuras que se irão prolongar por sábado e metade de domingo. Ainda agorinha, a propósito, li uma notícia de um senhor futebolista que disse à namorada que ia passar uns dias fora e voltou casado com outra. Aposto eu que era sexta-feira quando embarcou para estas “férias”. Foi uma loucura de fim-de-semana. Quem o pode condenar? Poderia acontecer a qualquer um de nós.