Recordando João Soares

|Hélio Bernardo Lopes|
Rara é a presença de João Soares num dos nossos canais televisivos sem que nos venha condenar, à luz do seu pensamento, a prática da escuta telefónica ou de outros meios de interceção de comunicações. Chega mesmo a dizer-nos que, se dependesse de si, punha um fim global em tais realidades.

A grande verdade, como facilmente pode perceber-se, é que a grande criminalidade organizada e transnacional não pararia e crescer se se seguisse a metodologia defendida por João Soares. Se com toda a parafernália de escutas as coisas são como se vê e melhor percebe, imagina-se o que não seria se tais instrumentos não fossem utilizados...

Acontece que o PS e os partidos de esquerda não deixaram de acusar Bush e o seu séquito por via de quanto passou a ter lugar depois do 11 de Setembro, mormente o que se tornou possível através do Patriotic Act. Tendo razão, a grande verdade é que continuou em vigor o histórico ditado popular digno de registo, a cuja luz, no melhor pano cai a nódoa. Precisamente o que acabou agora de ter lugar em França, com o Governo de Manuel Valls, (ainda dito socialista).

Depois de ter sugerido retirar do nome do Partido Socialista Francês a palavra Socialista, Valls conseguiu fazer aprovar o novo Patriotic Act, mas francês: todas as pesquisas feitas em França, os sítios consultados, a hora respetiva, os locais de origem e de destino, também e-mails, redes sociais frequentadas, compras online, rasto deixado por qualquer utilizador da INTERNET, tudo passará agora a poder ser analisado. Uma verdadeira vigilância em massa. Mais um autêntico 1984, embora no Ocidente das (ditas) liberdades (vigiadas). Um mimo, portanto, que assim põe um fim na privacidade da vida de quem reside em França ou para lá contacte. Até a Frente Nacional votou contra esta legislação dos (ainda) ditos socialistas franceses!

Em face de toda esta realidade, cabe agora perguntar a João Soares: que diferença existe entre os republicanos de Bush e os (ditos) socialistas do par Hollande-Valls? A lamentável realidade europeia o que acaba por mostrar é que a Justiça norte-americana sempre acabou por proibir a recolha maciça de informações por parte da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. Simplesmente fabuloso!

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