E o que vai fazer o PS?

|Hélio Bernardo Lopes|
Surgiu num destes dias a decisão final das autoridades europeias ao redor dos Estaleiros de Viana do Castelo. Como seria de esperar, o Ministro da Defesa explorou o resultado, embora me tenha parecido que a sua manifestação não foi a de regozijo por Portugal ter sido condenado, digamos assim.

Também dentro do que se poderia esperar, a eurodeputada Ana Gomes de pronto veio invetivar o ministro, à luz do argumento de que este teria manifestado a sua alegria pela tal hipotética condenação. Ora, o que o ministro fez foi explorar a ideia de que a ação do anterior Governo sempre teria estado errada, uma vez que o referido procedimento foi agora considerado incorreto, que é algo muito diferente do referido por Ana Gomes.

De igual modo se manifestou um outro deputado do PS à Assembleia da República, e com muito mais acerto o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Ora, todas estas tomadas de posição acabaram por me levar a escrever este meu texto curto. Sobretudo, pelo facto do eurodeputado, Nuno Melo, se preparar para colocar às autoridades europeias competentes o caso da taxa aeroportuária criada pela Câmara Municipal de Lisboa – esta com toda a pertinência.

Esta dicotomia, de facto, causa-me uma grande estranheza, porque a atitude do PS foi sempre a de contemporizar com tudo e umas botas mais, assim as iniciativas viessem da direita. Uma estranheza – a minha – que surge, acima de tudo, depois da tomada de posição muito estruturada do autarca que lidera o Concelho de Viana do Castelo.

Admitindo como corretas as posições dos políticos do PS, sobretudo a do autarca de Viana do Castelo, que razões poderão determinar a não apresentação de queixa contra o ministro junto dos Tribunais Portugueses? Ou mesmo junto do Tribunal Europeu de Justiça? Haverá de compreender-se que esta minha estranheza tem lógica. Como teria lógica a apresentação, por parte dos eurodeputados do PS, do PCP e do Bloco de Esquerda, de queixa nos Tribunais, portugueses ou não, contra os célebres voos da CIA, que tiveram obviamente lugar por entre nós. E quem diz estes dois casos, diz uma miríade de outros onde, para lá do inútil protesto, o PS acaba sempre por se ficar em...nada.

Percebe-se, pois, a fantástica afirmação de Francisco Assis ontem, no programa, PROVA DOS NOVE, ao reconhecer, com uma espécie de voz amarelada, que a social-democracia, no mundo, ainda não encontrou a resposta adequada ao que está a passar-se na Europa!! Mas como haveria de ser de outro modo, se essa área política já só tem nome e já nada de realmente de ideológico? Como conseguir materializar aquele (aparente) sonho de Francisco Assis depois de subscrever o Consenso de Washington, as regras da Organização Mundial do Comércio e o Tratado Orçamental. É algo muito superior à quadratura do círculo, entrando já na cubização da esfera.

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