Degradante

|Hélio Bernardo Lopes|
Quando hoje nos é dado escutar as palavras dos atuais governantes sobre o estado presente dos portugueses, o que nos chega são manifestações de autoelogio absolutamente fantasiosas. 

Um ou outro, mais desatento e que viva bem e longe da realidade social corrente, poderá mesmo pensar ser essa a realidade, mas a verdade é que esta nos chega a cada esquina e de onde menos se poderia esperar. Foi isto, precisamente, que a minha mulher pôde presenciar na passada sexta-feira, no interior de uma loja comercial de certa grande cadeia de hipermercados.

Já no local de pagamento, encontrava-se uma senhora já idosa, bem vestida e com muito bom aspeto, prestes a pagar uma caixa de fraldas. Simplesmente, faltavam-lhe, no momento de pagar, trinta e quatro cêntimos, tendo a funcionária indicado que, em tal situação, não poderia levar a mercadoria em causa. Como a situação se mantivesse, apesar dos insistentes e humildes pedidos da senhora, a minha mulher interveio, salientando que pagaria o que faltava, ou mesmo mais.

Este exemplo mostra o estado em que hoje se encontram muitos milhares de portugueses, que conseguiram dispor de um nível de vida que, não sendo o do país das maravilhas, pôde ser vivido com a essencial dignidade humana. Hoje, quatro anos depois da intervenção política da atual Maioria-Governo-Presidente, a realidade é a que aqui descrevo, e um pouco por todo o Portugal: ausência de acesso a serviços de saúde, quase impossibilidade de aceder à educação e à cultura, rendimento social próximo da miséria humana, limitações tremendas no acesso essencial à justiça, etc..

Se eu ali estivesse, já depois de satisfeita a necessidade daquela senhora idosa, tê-la-ia convidado para comer qualquer coisa num dos cafés daquela estrutura pública, ao mesmo tempo que lhe colocaria esta questão: já experimentou recorrer à sua paróquia? Tratar-se-ia, claro está, de uma brincadeira, como logo explicaria de imediato, porque o que agora soube pela minha mulher o que logo me trouxe ao pensamento – foi mesmo assim – foram os históricos bifes de Jonet, ou mesmo a filosofia balofa e Margarida Corrêa de Aguiar. Lérias!...

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