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|Hélio Bernardo Lopes| |
Neste seu texto, o académico esquece completamente o histórico desinteresse dos portugueses pela democracia. E é à luz deste pressuposto que imagina ser possível que os mesmos se preocupassem com a qualidade da ação política em certas circunstâncias por si indicadas.to bem intencionado, naturalmente suscetível de poder ser defendido, mas fora de toda a realidade que varre o mundo político. De cá ou de fora.
Tal como se tornou moda – e quantas nos têm sido impostas... –, aí nos surgiu Luís Campos e Cunha com as (supostamente) essenciais reformas do Sistema Eleitoral e do financiamento dos partidos políticos. E de pronto nos salienta que a qualidade da nossa vida pública seria muito diferente, e para melhor, com essas duas reformas. Infelizmente, a solução por si procurada não passa por aí.to bem intencionado, naturalmente suscetível de poder ser defendido, mas fora de toda a realidade que varre o mundo político. De cá ou de fora.
Para que Luís Campos e Cunha possa ter uma ideia de que uma melhor solução do problema nacional não passa por aí, basta que repare no que está a passar-se com José Sócrates, e compare com a enorme paralisia que vem marcando os casos BPN, BPP, GES/BES, Lista VIP, FP 25, etc.. De um modo muito geral, o País não funciona. Lamentavelmente, ao ser colocado no seio da União Europeia e com o euro como moeda, ficou na situação em que teria ficado um peso mosca num mundial de boxe sem categorias por pesos. Por detrás da nossa atual situação existem quase nove séculos de História. E, como muito bem tem reiteradamente salientado Adriano Moreira, Portugal precisou sempre de ajuda.to bem intencionado, naturalmente suscetível de poder ser defendido, mas fora de toda a realidade que varre o mundo político. De cá ou de fora.
Além do mais, achei também graça à ideia de os políticos ganharem o que ganhavam antes de o serem. Não conheço nenhum país onde vigore uma tal situação. Nem o reconhecido mérito profissional de alguém assegura que possa vir a ser um bom político. Afinal das contas, Salazar e Marcelo, para lá de concidadãos de insuperável idoneidade, eram académicos. Mas todos dizem que foram maus políticos. Para já não referir os nossos militares do Quadro Permanente, que se entregaram à defesa do País apenas em troca de pouco, exceto no domínio do patriotismo.to bem intencionado, naturalmente suscetível de poder ser defendido, mas fora de toda a realidade que varre o mundo político. De cá ou de fora.
A ideia de financiar os outros partidos como consequência do aumento da abstenção e dos votos brancos ou nulos, é um outro erro. E a razão é simples: os portugueses querem viver com dignidade e não ser governados por gente especialmente sabedora no plano técnico. De pouco lhes interessa saber se este ou aquele são muito ou pouco bons neste ou noutro domínio, mas se realizam capazmente o bem comum, facilmente medido pela possibilidade de se viver com uma dignidade mínima.to bem intencionado, naturalmente suscetível de poder ser defendido, mas fora de toda a realidade que varre o mundo político. De cá ou de fora.
De um modo imensamente geral, os portugueses estão-se nas tintas para a Constituição da República, para o Sistema Político ou para o financiamento partidário. Nem mesmo ligam muito aos detentores de soberania. O seu pensamento é simples: querem viver com segurança, sem grandes prebendas, mas saber que viverão a velhice sem ser na mendicância, ou que poderão tentar salvar a vida por recurso à Medicina, ou estudar se assim o desejarem. E reconhecem – já se viu o resultado num concurso – que Salazar ganhava mal, mas era sério e patriota. Havia segurança, mesmo que com pouco. Hoje, também com pouco, a segurança quase desapareceu. E é tudo, porque as coisas são como são.