Natalidade

|Hélio Bernardo Lopes|
Desde há um tempo a esta parte, o problema do decréscimo da natalidade passou a surgir nos grandes meios de comunicação social. Disse há dias Maria João Valente Rosa acreditar que a situação da baixa natalidade não é um problema de fácil resolução. 

É, sem dúvida, uma realidade, mas se for olhada na perspetiva de quem possa pretender resolver tal situação sob comando e controlo, digamos assim.

Acontece que a situação a que se gostaria de voltar não pode, de facto, ser atingida por uma intervenção como a (aparentemente) referida por Maria João. Simplesmente, nós podemos dar passos no sentido do objetivo pretendido, com resultados seguros a prazo médio, mas incluídos numa estratégia de desenvolvimento do território nacional. Passos de uma estratégia que devem ser dados com boa-fé por parte do poder político e na base de um grande compromisso interpartidário. É um domínio onde a necessidade se aliará facilmente à eficácia.

Diz Maria João que esta questão não é um problema de hoje e que a pobreza e a austeridade não são justificação para a queda da taxa de natalidade, apesar de este período crítico estar a influir no sentido de uma descida particularmente abrupta dos nascimentos. Bom, há aqui verdade e meia verdade, porque se esquece o papel entretanto desempenhado pelo acesso ao saber e à cultura.

Quando Maria João refere que se existisse uma relação direta entre pobreza e fecundidade, não deveriam ser os países mais pobres e menos desenvolvidos a ter mais crianças, o que acontece é que nesses países que refere está quase ausente o controlo dos fatores que estão presentes nos espaços restantes, resultantes do acesso à cultura e ao conhecimento. Mas o que agora mais importa saber é isto: com a filosofia política atual, pode Portugal esperar mais nascimentos? Claro que não! E como educa-los e dar-lhes um futuro – e um presente? Como trata-los e dar-lhes instrução? E que velhice poderão os pais de hoje esperar para os seus filhos?

Um dado é certo: se quero árvores, tenho de plantá-las e se nascem de modo espontâneo, tenho, no mínimo, de proteger o seu crescimento da violência da Natureza. O nascimento de um ser humano custa caro e mais caro, ainda, é manter-lhe a vida e ajudá-lo a ter um rumo. E será que o neoliberalismo liga a tais requisitos? Claro que não!

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