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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Como se torna fácil de perceber, o que se tem vindo a passar com o PS causa-me algum espanto, mesmo já tão treinado neste tipo de temas. Vejamos algumas das razões deste meu espanto, naturalmente encimadas pelas recentes palavras de António Costa.
Em primeiro lugar, o quase pleníssimo silêncio do líder do PS em temas como os há dias referidos por Diogo Freitas do Amaral e que tantas vezes eu mesmo aqui pude apontar: uma política que seja de rutura e de inovação na Educação, na Saúde, na Justiça, na Cultura, nos Negócios Estrangeiros, no combate à grande criminalidade organizada, nas relações com os PALOP, etc.. Mesmo que apenas ao nível das grandes linhas de rutura, é essencial dizer-se alguma coisa de capaz e de mobilizador, o que é até deveras simples, tal é a sucessão de estrondos da atual Maioria-Governo-Presidente.
Em segundo lugar, o silêncio perturbador de António Guterres, que nunca poderá ficar a dever-se a poder ser, no futuro, Secretário-Geral da ONU. E a razão, como há dias expliquei, é simples: nunca irá sê-lo. De resto, António Guterres conhece esta realidade como poucos, pelo que a sua falta de resposta às expectativas e desejos dos portugueses não pode ser devida àquele objetiva impossibilidade.
E, em terceiro lugar, a infelicíssima tirada de António Costa no encontro que teve com os empresários e investidores chineses. Tratou-se, como facilmente se percebe, de uma inacreditável gafe, porque entre a verdade inoportuna e a incorreção ineficaz existe um vasto leque de opções que sempre o impediriam de dizer o que não corresponde à verdade e às sucessivas posições suas e do PS e desde há muito.
Se as sucessivas sondagens dão os resultados anémicos que se conhecem ao PSD, mais que ao CDS/PP, tal só pode resultar do cansaço dos portugueses com os atuais detentores de soberania. A verdade é que para se mobilizar a comunidade nacional não podem fazer-se afirmações como as que António Costa agora fez junto dos chineses.
Bom, o resultado é o PS transformado hoje num saco de boxe, depois da inacreditável oferta de António Costa aos seus adversários político-partidários. E se a tudo isto juntarmos as recentes palavras de Mário Soares, sobre o seu reconhecimento de que a democracia está hoje arredia do País e da Europa, de parceria com a falta de habilidade de Jorge Coelho na Quadratura do Círculo, perante as infelizes palavras de António Costa, tudo adocicado com a demissão de Alfredo Barroso, bom, fica-se com uma mistura quase-letal. Somos, objetivamente, um país à deriva.
