O imperativo da consciência

|Hélio Bernardo Lopes|
Foi com grande satisfação que há dias ouvi de José Pacheco Pereira o reconhecimento de que existe uma traição dos socialistas europeus no caso da dívida grega. Precisamente o que penso do tema em causa, tal como se tem podido ver. 

E a razão é simples de explicar e de perceber: só foi possível chegar-se aos dias de hoje, com a pobreza e a miséria reinantes na Europa, e até com uma guerra à vista causada por esta, por via do completo sucumbir ideológico dos ditos partidos do socialismo democrático.

Quem tiver boa memória, não terá deixado de ter presente o estrondoso apoio de Mário Soares a Pedro Passos Coelho, o tal político simpático e com que se podia dialogar... Comparando estas palavras com o que hoje se vai podendo ver e ouvir, percebe-se bem como Mário Soares acabou por se tornar num dos principais responsáveis pela destruição do Estado Social, hoje já a saldar-se na perda de vidas humanas e num funcionamento cada dia pior da generalidade das estruturas de serviço público. Tem sido esta a triste saga dos históricos partidos da velha Internacional Socialista.

Estes velhos e históricos partidos, hoje generalizadamente reduzidos a pouco mais que nada, esqueceram por completo as despudoradas ingerências dos políticos da direita europeia atual nas recentes eleições gregas, tudo fazendo para condicionar a liberdade democrática dos eleitores. Como teria de dar-se, ficaram sem saber bem o que fazer e o que dizer. Num primeiro momento, claro está. Se o comando alemão pendesse para o sim aos gregos, teríamos nos ditos socialistas democráticos europeus os melhores amigos; se o pendor fosse o inverso, ter-se-ia, no máximo, o silêncio. De facto, uma verdadeira traição aos gregos e à própria democracia.

Tem, pois, toda a razão José Pacheco Pereira, ao referir, num destes dias, a traição socialista na questão da dívida grega. E a razão é muito simples de perceber: de há muito os ditos socialistas democráticos se passaram de armas e bagagens para o lado dos grandes interesses, que são quem hoje comanda o mundo. O que está a passar-se na Ucrânia é a mais clara prova disto mesmo.

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