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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Como teria de dar-se, foi-nos possível observar, graças a esta série, muita coisa comum a todo o resto do espaço político onde funcionam democracias. Mas puderam ver-se, por igual, coisas muito singulares. Coisas que mostram o modo simples de tratar o interesse público e de como no funcionamento deste se procura gastar o mínimo dos mínimos, de molde a poder dar aos cidadãos o que realmente é essencial a uma vida digna. Precisamente o contrário do que se passa entre nós, sobretudo desde que a atual Maioria-Governo-Presidente entrou em funções.
Uma cena, porém, chamou a minha atenção e quase logo ao início da série – talvez no segundo ou no terceiro episódio –, e que foi a resposta do então líder do Partido Trabalhista ao jovem Kasper: o povo não interessa, quem manda são os políticos que dirigem o país. Uma resposta que explica, em mui boa medida, o estado a que chegou o mundo atual, mormente a desgraçada União Europeia. Enfim, foi uma série de exceção, que certamente terá prendido boa parte dos portugueses aos televisores.
E como rei morto, rei posto, aí está já, e de novo na RTP 2, a nova série, O PRÍNCIPE, repleta de significado e tão atual... Uma série que mostra, afinal, o ambiente do grande crime organizado transnacional, onde a polícia – aqui a espanhola – vive fortemente envolvida. E quem diz polícia, diz banca, como agora se está a voltar a ver com grandes bancos internacionais, todos apostados no apoio à fuga às obrigações perante o seu país.
Claro está que esta nova série nada nos mostra de verdadeiramente novo, antes nos expõe, e com grande qualidade, o modo como a organização política dos Estados de hoje se encontra gizada em ordem a servir os grandes interesses, por aí prejudicando gravemente a generalidade das populações. Vivíamos acima das nossas possibilidades... E mostra, por igual, como as autoridades policiais são deixadas completamente entregues a si mesmas, sem um ínfimo de controlo a partir de uma entidade exterior e independente.
Enfim, duas séries de grande exceção, em que a atual a todos permitirá perceber como pôde o crime organizado transnacional chegar ao atual estado de coisas. Passada que está hoje a série, BORGEN, há agora que não deixar escapar a atual, O PRÍNCIPE.
