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Rodolfo Quintas
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O projeto surgiu de um desafio que Tom Kirchhausen propôs ao premiado artista português, para que criasse uma instalação de arte multimédia interativa com base no processo biológico de endocitose mediada pela proteína clatrina - um processo que permite que as células internalizem material do meio extracelular envolvente, como certos nutrientes e vírus. «Absorption» foi concebida como um trabalho conjunto de investigação durante a residência artística de Rudolfo Quintas no laboratório de Tom Kirchhausen, no Departamento de Biologia Celular da Harvard Medical School e no Programa de Medicina Celular e Molecular do Boston Children’s Hospital, em Boston.
O cientista fala acerca desta colaboração: “Foram necessários apenas alguns minutos em conversação com o Rudolfo para que uma colaboração irresistível e excitante tivesse início”. Desde então, “foram muitas as horas a conversar, discutir e rir sobre a forma como poderíamos transformar a nossa ciência numa manifestação artística que fosse interessante e estimulante para todos". Segundo o artista, a visita ao laboratório de Tom Kirchhausen concedeu-lhe a “oportunidade única de absorver a experiência científica, de depurá-la e levá-la à essência, para criar uma experiência artística potencialmente pedagógica de interação entre o corpo e a escultura”.
O desenvolvimento de uma nova tecnologia de projeção levou à criação deste objeto artístico inovador, que se funde com um conceito impulsionador na arte contemporânea, uma vez que o artista, em vez se focar na forma como a experiência artística é absorvida pelo espectador, escolhe reverter essa perspetiva para explorar o modo como a arte pode absorver a presença humana.Verónica Metello, curadora do projeto, comenta: “Para uma nova representação e, consequentemente, nova leitura do processo biológico, foi criada esta peça de arte interativa cuja tecnologia inovadora proporciona uma experiência sensível e inexplorada, em que cada visitante se torna cocriador”.
A escultura encontrar-se-á em exibição na exposição de arte digital «Presense», de 6 a 31 de março de 2015, na galeria Adamastor Studios, em Lisboa. Esta é uma exposição inovadora no contexto da arte digital em Portugal, em que Rudolfo Quintas explora a relação entre corpo, sensação e presença, entre espaço físico e digital. «Presense» traduz os últimos desenvolvimentos na exploração dos novos média digitais, posicionando-se num território inovador de cruzamento da arte com a tecnologia, a ciência e a filosofia.
António Piedade
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva