De cócoras com os poderosos

|Hélio Bernardo Lopes|
Fruto das séries televisivas, do cinema e da literatura, ninguém hoje desconhece a terrível estrutura de violência que serve de suporte a toda a vida norte-americana em sociedade. 

Basta que nos quedemos ao redor do que se conhece do complexo prisional, da legislação sobre a compra de armas, da violência policial, da permanente propensão histórica para levar a guerra às sete partidas do mundo, do injusto sistema de justiça e da exploração maciça das riquezas e dos povos de quase toda a parte do nosso planeta. A História dos Estados Unidos, sem dúvida com muitas páginas de excelência, é uma história de violência permanente, praticada interna e externamente. E é, por igual, uma sociedade onde reina um fantástico cinismo nas posições assumidas pela generalidade dos seus cidadãos.

Nos tempos mais recentes, vem-se assistindo ao regresso, em força, do racismo. Por acaso acentuado pela presença de um negro na presidência dos Estados Unidos. Mas mesmo apenas entre brancos esse cinismo continua presente, como tão bem nos relatou a brigadeiro-general Janis Karpinsky, tanto por via de um programa televisivo de grande audiência nacional – mesmo internacional –, como pelo livro que deu à estampa, sempre exigindo que fosse presente a tribunal marcial, a fim de expor, com toda a plenitude, o que realmente se passara nas prisões do Iraque e sobre os seus reais responsáveis, desde governantes a militares de topo. Debalde.

Claro que a sociedade dos Estados Unidos só na forma é uma democracia, porque ela é, de facto, uma plutocracia. Basta recordar o modo híper-superficial como foi tratado o caso dos criminosos que conduziram os Estados Unidos e o mundo ao desastre causado pela crise mundial de há uns anos, e que, em diversos lugares, se mantém ainda. Tirando o caso de Bernard Madoff – foi-se denunciar! – e de mais um ou dois, a verdade é que condenar aqui os criminosos seria pôr um fim, ao menos temporário, no sistema de exploração capitalista que serve de suporte à sociedade norte-americana. Foi isto, precisamente, que Bernardo Madoff, com a sua limitada cultura do cifrão, não conseguiu perceber.

É nesta sociedade desgraçada que se vem assistindo, à medida que se aproxima o fim da presidência de Obama, ao recrudescimento do racismo. E tanto contra pretos como contra hispânicos. Não sendo um fenómeno realmente novo, ele vem assumindo contornos preocupantes e revoltantes, quase não passando um dia em que não seja assassinado, por via de um tiroteio amplo, um qualquer negro.

Perante uma tal realidade, tanto Barack Obama como o mayor de Nova Iorque, não foram além de palavras. Mesmo assim, muito comedidas, uma vez que a polícia se constitui, de facto, num Estado dentro do Estado. Bom, a reação não se fez esperar, com autênticas cenas de insubordinação face ao mayor. Pelo menos.

Cobardemente, o vice-presidente dos Estados Unidos, durante as cerimónias do funeral de dois polícias assassinados por um preto, disse dos polícias, em geral, a maravilha pensável, ao mesmo tempo que, por contraposição, deixava passar, quase em silêncio, os sucessivos homicídios de pretos às mãos da polícia. Uma fantástica cobardia! Autenticamente de cócoras perante uma polícia poderosa constituída por autênticos pistoleiros justiceiros!!

Por fim, as mais recentes notícias sobre o primeiro avião malaio desaparecido. Consta agora, e de fonte muito segura, que o avião terá sido abatido por militares dos Estados Unidos sediados na base militar de Diego Garcia. Tudo faz crer que terá baixado a sua altitude de um modo muito acentuado, para lá de mudar de rumo. Tendo deixado de manter comunicações, foi tomado como um possível avião-míssil, destinado a ser lançado sobre Diego Garcia.

Claro que não é impossível, mas era escusado vir com a tal historieta de que o avião se teria deslocado para o Cazaquistão. Era já o dealbar da crise que estava em curso, a fim de derrubar Yanukovich e de estender a OTAN e a União Europeia à Ucrânia. Tudo é hoje claro, como claro é já o que eu expliquei sobre o caso do segundo avião malaio, que foi abatido na Ucrânia por um avião de Kiev, convicto de que Vladimir Putin seguia a bordo. A revoltante saga de violência que os Estados Unidos sempre têm levado a todo o Mundo.

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