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|Hélio Bernardo Lopes| |
O caso mais recente, porventura o mais grave de sempre, deu-se com a guerra levada a Gaza, não olhando a meios e matando sem limites: mulheres e homens, velhos ou crianças, militares ou civis, e tudo acompanhado da destruição maciça das estruturas físicas e sociais de Gaza. Um verdadeiro genocídio.
Creio firmemente que Israel acabou, desta vez, por perder a face, até porque nada justificava o ilimitado morticínio provocado sobre o povo palestiniano. Princípios fundamentais do Direito Internacional e dos Direitos Humanos foram completamente feridos, deixando mesmo a ideia de um prazer mórbido na procura do despedaçar da sociedade humana da Palestina.
O Governo de Israel, talvez mesmo muitos militares de alta patente, terá tido a perceção de que uma reação judiciária poderia vir a ter lugar, mormente através do recurso ao Tribunal Penal Internacional, (TPI). E é o que, finalmente, parece estar a preparar-se por parte das autoridades palestinianas.
Tentando auscultar a sensibilidade da população palestiniana em face do recurso ao TPI, surgiram agora os resultados de um estudo promovido pelo Centro Palestiniano de Opinião Pública, com cerca de oitenta e três por cento de apoio a esse mecanismo e apenas com cerca de seis e meio por cento contra a ideia de operar uma queixa contra Israel no TPI.
Esta iniciativa ficou agora muito facilitada, dado que a Assembleia dos Países Membros do TPI reconheceu há dias a Palestina como Estado Observador, assim facilitando a sua adesão ao TPI. A resposta das autoridades israelitas não se fez esperar, logo ameaçando que os palestinianos estarão a brincar com fogo se solicitem a admissão ao TPI como Estado Membro: os perigos serão maiores para eles que para Israel.
Caminha-se para as sete décadas de vida da Organização das Nações Unidas, sem que a Comunidade Internacional reconheça o Estado da Palestina, ao mesmo tempo que tudo tolera a Israel, incluindo crimes de guerra e contra velhos e crianças, com a destruição física quase global de todo o tipo de suporte da vida em sociedade. Uma vergonha e um autêntico crime contra o povo da Palestina.