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|Hélio BernardoLopes| |
Como agora se percebe, o racismo continua vivo, mormente no domínio da polícia e dos tribunais. Já poucos duvidam da justeza e do humanismo da justiça norte-americana e também já se deram conta de que a polícia – de facto, as polícias – constituem um autêntico Estado dentro dos Estados Unidos. Tal como acontecia em Portugal durante da II República, a palavra do polícia faz fé em juízo, o que numa sociedade fortemente racista e corrupta constitui um inquestionável risco social.
Mas não se pense que este tipo de cultura se fica pelo racismo, porque ainda num dia destes, um padre da Igreja Batista da Palavra da Fé, em pleno Arizona, clarificou as coisas, dizendo que nenhum maricas é permitido nesta igreja. Reparei, em todo o caso, que a resposta dos católicos, desta vez, não se fez ouvir... E depois de assegurar – com o seu saber, obviamente...– que todos os homossexuais são pedófilos, o padre lá contou aos seus paroquianos o que descobriu na Bíblia: se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante, e terão que ser executados e o seu sangue derramado.
E logo completou: pois, meus amigos, é o que tem de ser feito, porque se matarmos todos os gays, como Deus recomenda, não tínhamos isto da SIDA à solta. Ou seja, os islamitas radicais são maus e devem ser combatidos, mas esta Igreja Batista da Palavra da Fé pode continuar a acirrar o ódio contra quem seja homossexual, propondo mesmo uma solução final para o respetivo universo. Para já, o norte-americano...
Esta infindável sucessão de homicídios de pretos e de hispânicos, agora fortemente acelerada, e com a cumplicidade objetiva de um sistema de justiça sem qualidade nem humanismo, mostra bem o tipo de sociedade e de gente que pretende dizer ao mundo e aos restantes povos o caminho que devem prosseguir. E se nós, portugueses, já estamos a sentir na pele o resultado da aplicação do modelo de organização da sociedade norte-americana... É o dealbar do neo-apartheid.