Desde sempre anunciado

|Hélio Bernardo Lopes|
Embora a eficácia das autoridades espanholas contra a corrupção e contra a criminalidade organizada, em geral, seja incomensuravelmente superior à nossa, a verdade é que também em Espanha estão presentes traços culturais que são extremamente universais. Refiro-me, desta vez, ao caso que envolve a Infanta Cristina e o seu marido.

Claro está que raros terão acreditado que a lei é igual para todos e seja pelos lugares mais diversos do Mundo. E aqui está, neste caso espanhol, mais uma indicação do que escrevo atrás: para o marido de Cristina e para o seu sócio, são agora pedidas penas altíssimas, entre os quinze e os vinte anos de prisão; para a infanta Cristina, uma multa, embora elevada para um cidadão comum.

Tal como em tempos alguém dizia, tinha de ser. De facto, haverá de compreender-se que a condenação a uma pena de prisão, para mais longa, de um membro da família real, seria algo que, depois de se refletir um pouco, se percebe ser coisa difícil de aplicar e, até, de aceitar por uma imensidão de cidadãos espanhóis.

É claro que o procurador pediu quinze anos de inabilitação absoluta e oito de inabilitação especial para emprego ou cargo público, bem como seis anos de impossibilidade de obtenção de subsídios ou ajudas públicas e do direito de usufruir de benefícios ou incentivos fiscais ou da segurança social, mas também o é que não faltarão saídas para a vida da infanta Cristina.

Mas o que este caso volta a mostrar ao mundo é o enorme risco que se contém em iniciativas de cariz social, praticadas com dinheiros públicos. Iniciativas que, naturalmente, deviam ser realizadas pelas autoridades públicas. Mas será que se vai arrepiar caminho? Claro que não! Pôr um fim numa tal realidade, seria fechar a porta à possibilidade de se aceder a verdadeiras minas douradas. É caso para que digamos: está quieto, ó mau...

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN