Depois do primeiro, o segundo...

|Hélio Bernardo Lopes|
Há perto de um ano, surgiu um estranho movimento ao redor de António Ramalho Eanes, que logo foi interpretado como constituindo a rampa de lançamento de uma sua candidatura ao Presidente da República.

Esta interpretação foi prontamente desmentida, tanto por alguns dos promotores da homenagem, como pelo nosso antigo Presidente da República. Fui um dos que logo acreditei na ideia de que se estava perante a tal rampa de lançamento. Como já se sabe agora, aí tenta surgir um novo movimento de apoio à referida candidatura presidencial. Depois daquele primeiro sinal, este é agora o segundo...

Numa entrevista à Antena 1, com alguns dias apenas, Mário Cláudio, um dos apoiantes da recandidatura de Eanes, salientou tratar-se de uma solução feliz e de uma saída abençoada para o País, acrescentando que a personalidade do general assegura a continuidade dos propósitos e objetivos comuns.

Depois do seu doutoramento em Navarra, eu até admito que tal candidatura possa ser olhada pela nossa direita como abençoada. Mas que Eanes, hoje completamente virado à direita que nos conduziu à atual desgraça, possa ser a personalidade que assegure a continuidade dos propósitos e objetivos comuns, bom, já acho estranhíssimo.

Tudo depende, porém, do PS. O recente telegrama de Eanes, a felicitar Mário Soares pelos seus noventa anos, de parceria com uma recusa de Guterres na corrida a Belém – duvido que se venha meter no beco sem saída que se criou, e que já designei por vespeiro –, é bem possível que o PS venha a preferir Eanes aos derrotadamente anunciados, António Vitorino ou Jaime Gama – pelo seu lado –, ou a Pedro Santana Lopes – um adversário declarado. Num tal cenário, como facilmente se imagina, até Mário Soares aconselharia Eanes ao seu partido.

Este cenário, porém, será o culminar da evidência da secura política do PS, completamente incapaz de gerar no seu seio um candidato presidencial credível e com uma probabilidade alta de vencer a contenda de 2016. E se Guterres parece não dar sinais de entrar na corrida a Belém, logo Jorge Sampaio terá recusado a ideia de António Costa, no almoço do aniversário de Soares. Até neste ponto, o PS se vai pondo a recato, tão ao contrário da direita, onde não faltam nomes.

Não seria difícil escolher, por exemplo, Boaventura Sousa Santos, que, para lá do seu mérito excecional, interno e internacional, facilmente concitaria o apoio de uma boa maioria de portugueses, sendo uma garantia da defesa do interesse de Portugal, dos portugueses e da Constituição de 1976. Enfim, vamos esperar pelos novos sinais ao redor de Eanes, agora na direita, e do próprio PS. As voltas da política...

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