Três notas breves

|Hélio Bernardo Lopes|
Num curto espaço de tempo tive a oportunidade de encontrar nos nossos canais televisivos três situações que justificam este meu texto, onde desenvolvo três notas muito breves. Ainda assim, creio que merecem uma reflexão dos portugueses mais atentos e que possam ler o presente texto. 

Pelo final da passada semana, tive a oportunidade de acompanhar no programa SOCIEDADE DAS NAÇÕES, onde Nuno Rogeiro entrevistou o Patriarca Gregório III Laham, que é bispo de Damasco e pertence à Igreja Greco-Católica Melquita, que se encontra sedeada na Igreja de Roma. É uma entrevista que convém ser visionada, porque conta muita coisa que vai ao arrepio da generalidade das ideias feitas e que são debitadas pelos nossos grandes meios de comunicação social.

Ora, o Patriarca Gregório acabou por defender que não existe uma alternativa a Bashar Al-Assad, e que o próprio Núncio Apostólico na Síria pôde já dizer que, em matéria de liberdade religiosa, nunca com Bashar Al-Assad se levantaram problemas, muito pelo contrário. Mas questionou-se, e cheio de lógica, sobre quem poderá estar por detrás do estado Islâmico, dado que, no fundo, o que está a dar-se é a destruição objectiva do próprio Islão.

Por fim, falando da tortura, que também estava (e está) presente na Síria, acabou mesmo por questionar o próprio Nuno Rogeiro: e na América, não há tortura?... Bom, como seria de esperar, o entrevistador respondeu não respondendo.

Uma segunda nota é a que se refere ao comentário de Miguel Sousa Tavares, nesta passada segunda-feira, ao redor do que se tem noticiado sobre o SIS, desta vez com o que se desenvolveu com a Operação Labirinto. Embora com um fundamento de razão, a verdade é que Miguel misturou naquele seu comentário organismos diversos, acabando levado pela torrente noticiosa mais veiculada. Porém, a culminar toda aquela mistura que expôs, lá acabou por chegar a uma questão com inquestionável lógica: custa-lhe perceber a utilidade das secretas num país com a importância internacional do nosso, pequeno como é e sem grandes problemas. A verdade é que foi o Governo do Bloco Central que criou a referida comunidade de informações, por acaso presidido por Mário Soares. E, como sempre acaba por ter lugar em todo o mundo, a comunidade de informações, fortemente protegida pela lei do segredo de Estado, acaba por ficar numa situação realmente incontrolável.

A terceira nota diz respeito ao último episódio televisivo do programa, BARCA DO INFERNO, onde, para lá do moderador, estão presentes quatro concidadãs, duas deputadas, a académica Raquel Varela e Manuela Moura Guedes. Um programa onde se torna difícil, com frequência, saber o que estão a dizer as quatro senhoras. É preciso ver.

Ora, neste último episódio, Manuela Moura Guedes ofereceu-nos este miminho, que ali conseguiu passar sem ser posto em causa: a Câmara Municipal de Lisboa teria entre dez a doze funcionários por cada habitante do concelho!!

Acontece que o Concelho de Lisboa tem uma população residente de mais de trezentos e cinquenta mil habitantes – não fui procurar o último número oficial, mas este é maior que o aqui adotado. Assim, a doze funcionários por habitante, a autarquia teria de ter quatro milhões e duzentos mil funcionários... Bom, caro leitor, é caso para que digamos todos: eu quér’ápláudirr!

Este raciocínio de Manuela Moura Guedes faz recordar aqueles estudantes universitários que fazem uma conta, usando certa fórmula, ao redor de um tema mecânico, mas se mostram, perante o resultado, completamente insensíveis em face da coadunação do mesmo com a lógica da realidade conhecida. E o mais interessante é que nenhum dos que ali se encontravam se apercebeu da estrondosa estimativa de partida: doze funcionários camarários por habitante!! O que se pode dizer no espaço televisivo…

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN