Recordando as Pussy Riot

|Hélio bernardo Lopes|
Nenhum português atento terá esquecido o célebre caso das Pussy Riot, que teve lugar ao redor da Catedral do Cristo Salvador, em Moscovo. A grande comunicação social, pondo tudo o resto de lado, dedicou dias sucessivos à detenção das Pussy Riot, ao seu julgamento e à sua presença no estabelecimento prisional para onde foram levadas.

Pois, nos Estados Unidos, no Estado da Florida, na cidade de Fort Lauderdale, foi agora detido um norte-americano de noventa anos pelo facto de distribuir alimentos na rua a gente sem abrigo e sem alimentos. Segundo o noticiado, o senhor poderá vir a ser condenado a sessenta dias de prisão...

Desconhecendo a globalidade da legislação estadual da Florida, é de acreditar que é ali proibido viver como sem abrigo. É um caso interessante, que deve ser meditado pelos portugueses que se dedicam a ajudar os que vivem na miséria e sem abrigo. E que comparem com a quase ausência de fiscalização e de condenações ao redor dos crimes da área financeira. Objetivamente, a vida de há muito deixou de ter valor nos Estados Unidos, porque o essencial valor da comunidade é o dinheiro e a riqueza.

Esta legislação que agora entrou em vigor na Florida está prestes a fazê-lo em Seattle, Los Angeles, Phoenix, Dallas e Filadélfia. Um mimo: primeiro as aparências, muito depois, a solidariedade. Mas nunca a defesa da dignidade humana, onde a existência de pobres sem casa devia ser completamente proibido. Armamento, ações, negócios sem controlo, isso é que é o desejável para as autoridades políticas dos Estados Unidos. Não admira, pois, que nos surjam as reações de violência que, dia após dia, surgem por todo o lado e da parte de gente completamente inimaginável.

Arnold Abbott, o dito criminoso norte-americano em causa – estava a dar comida a quem nada tinha para comer –, contou depois, aos jornalistas, que quando a polícia se aproximou dele gritou-lhe para que largasse o prato que tinha na mão, assim como se o mesmo fosse uma arma…

Este caso, como os mil e um outros que diariamente têm lugar nos Estados Unidos, é mais um exemplo do que realmente é a sociedade norte-americana, dita democrática. É esta gentalha que, ao dia a dia, vai dando lições de moral ao mundo, tentando impor democracias por todo o lado, de molde a corromper os seus políticos e, por aí, explorar os seus recursos naturais e os seus povos. Um autêntico aliado solidário...

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