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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Disse ali Rui Machete que não usou qualquer informação secreta ou privilegiada sobre a participação de portugueses no movimento radical Estado Islâmico e não ameaçou a segurança nacional nem a dos cidadãos. Quanto à primeira, de facto, não terá ameaçado, mas o mesmo, como se percebe facilmente, não pode dizer-se sobre a segunda.
O facto de existirem entre doze e quinze portugueses no Estado Islâmico o que significa é que serão todos eles a poderem estar debaixo de olho. E isto porque, tal como referiu Marcos Perestrelo, uma coisa são notícias de jornais – e já são perigosas –, outra uma tal afirmação ser dada pelo próprio Ministro dos Negócios Estrangeiros. Já pude explicar isto mesmo num texto anterior.
Disse também Rui Machete que a sua referência a duas ou três mulheres não teve qualquer intuito de identificação. Claro que não. Mas isso não significa que não tenha acabado por apontar para uma identificação do reduzido conjunto humano de portugueses que está em jogo. O que a liderança do Estado Islâmico hoje sabe, e pela voz de Rui Machete, é que há portugueses que não serão de confiança. E isto, caro leitor, ou se percebe ou não percebe.
Como é evidente, Rui Machete percebe tudo isto muitíssimo bem, mas tem de seguir uma velha regra da política – e então em Portugal!: nunca pedir desculpa nem reconhecer que se errou. Mas coloque-se o leitor na qualidade de ascendente de uma filha sua, hoje a viver no seio das estruturas do Estado Islâmico, e que o leitor já sabia estar farta e desiludida com o que foi encontrar. Ficaria seguro se visse o Ministro dos Negócios Estrangeiros contar ao mundo que existem três ou quatro portuguesas na referida situação? Claro que não! Sabe, por tudo isto, o que lhe digo? Que se Rui Machete fosse rei lhe seria dado o cognome de O Persistente.
