Portugal é um país em que o sector florestal tem um importante impacto socio-económico. No entanto, nos últimos anos, vários problemas têm afectado as plantações florestais com particular incidência no pinheiro-bravo, espécie que tem sofrido um acentuado decréscimo em termos de área.
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| Medronheiro |
De entre as espécies com potencial para serem exploradas no nosso país destaca-se o medronheiro, uma espécie arbustiva ou arbórea de pequeno porte conhecida pelos seus frutos vermelhos que nesta altura do ano são comuns um pouco por todo o país.
O medronheiro é uma árvore que cresce bem em solos marginais, com uma vincada tolerância ao stresse hídrico e que regenera bem após incêndios florestais. Estas características fazem dela um importante componente dos ecossistemas, em particular na região centro do país e no Algarve. Dos seus frutos obtém-se uma aguardente aromática muito apreciada e o pólen é utilizado para a produção de um mel de excelente qualidade.
Os frutos vermelhos, ricos em antioxidantes, podem também ser consumidos frescos ou processados para a produção de compotas. Apesar deste potencial o medronheiro é ainda uma espécie pouco explorada, talvez em virtude dos produtores não encontrarem no mercado material vegetal de qualidade.
Com este objectivo têm sido realizados cruzamentos entre árvores selecionadas estando os produtos desses cruzamentos em fase de avaliação. Os testes laboratoriais permitiram também a obtenção das primeiras plantas tetraplóides de medronheiro embora o procedimento experimental necessite ainda de ser optimizado.
Mais recentemente, as estruturas secretoras das folhas e caule do medronheiro foram caracterizadas tendo sido verificado que produzem um composto que combate os pequenos insectos que atacam as partes jovens e em crescimento activo desta espécie. Em colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra estão em curso ensaios com vista à identificação de metabolitos secundários de interesse.
No âmbito destas actividades de investigação, financiadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pelo programa PRODER e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, tem havido uma estreita colaboração com outras instituições de investigação, designadamente a Escola Superior Agrária de Castelo Branco, a Escola Superior Agrária de Coimbra o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, a Associação de Defesa do Património de Mértola e diversos produtores de medronho. Espera-se que estas sinergias, e outras que venham a ser estabelecidas, possam tornar a fileira do medronho um importante componente do sector agro-florestal.
Jorge Canhoto
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
