Uma tragédia que nos ensina

Hélio Bernardo Lopes
Num dos noticiários televisivos de ontem foram mostradas imagens da guerra que se trava entre o Estado Islâmico e outros povos, e que, na explicação do locutor, poderiam mostrar que aquela entidade terrorista estaria a utilizar armamento químico. Sendo assim ou não, o que é verdade que se admitiu ali que o Estado Islâmico poderá dispor dessas armas.

Ora, todos recordamos que o Governo de Bashar Al-Assad também possuía, reconhecidamente, tal tipo de armamento. Mas a generalidade dos políticos ocidentais limitava-se a esta constatação, apontando mesmo a sua utilização pelo exército sírio, nunca admitindo que os (ditos) rebeldes as pudessem possuir e utilizar.

Os nossos jornalistas, na sua generalidade, limitaram-se a papaguear esta explicação, incapazes de admitir que os rebeldes poderiam ter-se já assenhoreado de algum do armamento sírio, utilizando-o depois, e esperando que os políticos ocidentais atribuíssem a Bashar Al-Assad a responsabilidade por essa suposta utilização. Ou era Bashar, ou simplesmente não era ninguém.

Este foi um domínio em que, entre nós, apenas Nuno Rogeiro explicou que existiam já garantias de que os (ditos) rebeldes sírios haviam conseguido capturar algum daquele armamento. Para lá de Nuno Rogeiro, porém, o que sobreveio foi um cabalíssimo deserto de raciocínio, ou de recolha de informação.

O mesmo se deu com o caso do avião malaio derubado na Ucrânia. Muitos foram os comentadores que nos vieram contar a historieta de que os tais mísseis BUCK só estavam na posse das forças armadas russas, o que nunca correspondeu à realidade. E também aqui apenas um dos comentadores convidados pelas nossas televisões contou a verdade, e que foi um tenente-coronel do nosso Exército, que salientou que os referidos mísseis estavam também na posse das forças armadas ucranianas. Citou, até, a fonte pública de informação que permitia perceber ser essa a realidade. Como expliquei e se percebe facilmente, a Rússia era quem não tinha um infinitésimo de interesse em que tal desastre tivesse tido lugar, dado que a grande comunicação social ocidental, manipulada pelos serviços de inteligência, acabaria sempre por vender a historieta da culpabilidade russa.

Pois, aí está agora o caso do Estado Islâmico. Afinal, neste caso, parece que esta estrutura terrorista já dispõe de armas químicas, naturalmente capturadas onde estavam, ou obtidas junto de quem as possuía. Enfim, são tragédias que nos ensinam.

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN