Um pânico dos diabos

Hélio Bernardo Lopes
Desde que no passado domingo se pôde assistir à retumbante vitória de António Costa, passou a poder assistir-se a uma reação rápida dos políticos da atual maioria em face do futuro que lhes virá a estar reservado a partir das eleições de 2015. E, logo depois, com a eleição para o Presidente da República. Um pânico dos diabos...

De um modo rápido, passou a assistir-se a uma reação virulenta contra o novo líder do PS, que levou Marcelo, no passado domingo, a salientar que se tinha acabado a papa doce para Pedro Passos Coelho e a coligação que dirige. E Marcelo sabe muitíssimo bem do que fala.

Os portugueses têm agora que estar atentos às mil e uma promessas do Governo, e mesmo a muitos dos benefícios que vão de imediato ser concedidos. Um deles é o do ordenado mínimo nacional, que deixou a Comissão Europeia extremamente preocupada, sendo que também já se assegurou de que esta mísera subida para os quinhentos e cinco euros é temporária, vigorando apenas até ao final do próximo ano. E, como seria de esperar, o líder da UGT, Carlos Silva, diz não acreditar por...não fazer sentido! Simplesmente fantástico!

Logo de seguida, os idosos. Depois de três anos consecutivos a destruir-lhes um justíssimo direito adquirido, eis que nos surge agora, neste quarto ano de eleições, essa vontade férrea de cumprir à risca a decisão do Tribunal Constitucional – ainda existe! –, passando a pagar as pensões que vigoravam em 2011... Será que Carlos Silva acredita em que tudo isto é fruto do êxito e do humanismo desta Maioria-Governo-Presidente?

A seguir, a família, sempre tão do agrado da atual direita. Claro está que o Governo nunca poderá esquecer os históricos bifes de Isabel Jonet, sendo de questionar sobre se não estará a ir para lá das nossas possibilidades. Num ápice, aí estão diversas medidas, é certo que avulsas, destinadas a defender a família e a promover a natalidade. E o leitor, como teria de dar-se, de pronto corre a acreditar. O Governo fala, e nós acreditamos, duzentos por cento, no que nos diz.

De resto, tem sido esta a realidade desta Maioria-Governo-Presidente: o que se promete faz-se, sem se voltar atrás. Ou antes: desde que não tenham lugar eleições.

A tudo isto, há que juntar os casos da Justiça, da Educação, do GES/BES, do cabal esclarecimento que Pedro Passos Coelho nos deu há dias sobre o tal seu caso, das estruturas de saúde, cada dia com maior eficácia e extremamente mais baratas e acessíveis – melhora o acesso, a distribuição pelo País e a qualidade. Estrondoso!

Por fim, a luta política. Quando nós pensávamos – não pensávamos, claro – que Sócrates era, afinal, o verdadeiro Mefistófeles, eis que Nuno Melo, verdadeira sumidade da política europeia – e do seu pensamento, obviamente –, nos veio agora dizer que António Costa é o pior da governação de José Sócrates. Bom, caro leitor, fiquei perplexo, tendo-me deitado, de imediato, a devorar uma verdadeira legião do melhor que a História do Mundo nos forneceu em Ciência Política. Já me deparei com Sócrates, mas ainda não com um qualquer Costa. Aliás, também já encontrei o Costa do Castelo, mas logo percebi ser da área do Cinema. Tenho, por isso, que perseverar na minha busca.

Um dado é certo: a atual Maioria-Governo-Presidente ficou em pânico. Parece, até, que António Costa vai continuar à frente da edilidade lisboeta, tal como se dá com o Primeiro-Ministro, que chefia o Governo e o PSD. Enfim, um pânico dos diabos!

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