Sócrates e a condecoração

|Hélio Bernardo Lopes|

Com um espanto enorme, foi como há dias me chegaram as considerações de Ascenso Simões, militante do PS, que foi membro do Governo de José Sócrates, ao redor da condecoração normalmente atribuída aos nossos concidadãos que exerceram o cargo de Primeiro-Ministro, que nunca até hoje o foi a José Sócrates.

Bom, caro leito, o meu espanto foi verdadeiramente grande. De resto, logo uns dias depois nos surgiu Manuel Alegre a defender que a referida condecoração devia ter lugar, porque José Sócrates a merece.

Mais uns dias, e eis nova notícia, desta vez explicando que Pedro Santana Lopes esperou muito mais tempo que o já passado desde a saída de Sócrates da governação do País. Um autêntico alcatruz de exigências morais e de explicações, embora, de facto, em torno de realmente nada.

Claro que não me passa pela cabeça que tal situação venha apoquentando José Sócrates, até porque, com quase a plena certeza, o próximo Presidente da República nunca deixará de lhe atribuir a referida condecoração. Mas entendo que José Sócrates de deve demarcar publicamente destas iniciativas e tomadas de posição, porque desde há muito os portugueses perceberam que esta seria a situação mais que expectável. Como poderia não ser assim, depois das tristemente célebres considerações sobre possíveis escutas aos computadores de gente da Presidência da República, ou daquele lamentável discurso da segunda tomada de posse do Presidente Cavaco Silva.

Muito mais lógica e coragem teve Maria Velho da Costa, que liminarmente recusou uma qualquer condecoração atribuída pelo Presidente Cavaco Silva e por razões que a escritora considerou mais que suficientes e fundamentadas. A verdade é que se exige dos políticos a essencial coragem e desapego dos interesses e honrarias. E, olhando sem paixões, José Sócrates está de há muito bem à frente, em termos políticos, do prestígio do Presidente Cavaco Silva. Basta olhar os resultados das sondagens.