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| Hélio Bernardo Lopes |
Invariavelmente, não respondeu às perguntas de um modo claro, ou simplesmente não respondeu ao que foi perguntado. Uma entrevista inútil, mas que abordo aqui por algumas razões que merecem uma referência muito breve.
Em primeiro lugar, ficámos a saber o que eu mesmo sempre referira, como simples previsão, a amigos ou conhecidos: José Sócrates vai dedicar-se a operar o seu doutoramento, depois de ter defendido, em França, a sua dissertação de doctorat troisième cicle. Nada que fosse difícil de imaginar e que tapará por aí muita boca que diariamente se compraz em pôr os políticos que temos pelas horas da amargura.
Em segundo lugar, a sempre ineficaz defesa de que devem operar-se eleições antecipadas para a Assembleia da República, dado que quanto mais tempo passar pior. A verdade, contra todas as previsões de Mário Soares, é que Pedro Passos Coelho lá se mantem no poder.
A sair, não será pelas exigências de Mário Soares, antes por via de lutas internas, embora se perceba hoje facilmente que o atual Primeiro-Ministro já cumpriu o seu papel, e que era o de pôr um fim no Estado Social. E é sempre bom não esquecer que Mário Soares foi um seu indefectível apoiante ao início, sempre referindo tratar-se de pessoa simpática e com quem se podia dialogar.
E, em terceiro lugar, e depois de tudo isto, eis que Soares nos diz agora que o Primeiro-Ministro é uma pessoa inteligente, sem dúvida, mas é o momento de sair do Governo, que tanto destruiu Portugal. Bom, caro leitor, é caso para que daqui lhe grite: eu quér’áplaudirr!!
Pode já hoje operar-se uma equação de balanço simples ao redor das posições assumidas por Mário Soares desde que Pedro Passos Coelho surgiu na liderança do PSD. Sabendo-se perfeitamente a posição neoliberal deste, Soares apoiou-se com todas as forças. Durante perto de um ano, talvez ano e meio, esteve arredio. A seguir, surgiu numa espécie de prestissimo crescente. Hoje, já com a vitória de António Costa consumada, é em allegretto que se nos mostra. Conclusão: a desgraça vai continuar, quase com toda a certeza, com um novo Bloco Central, que manterá as enormes conquistas de desgraça da atual Maioria-Governo-Presidente. E sobre o discurso do Presidente Cavaco Silva no 5 de Outubro, muito sintomaticamente, nem uma simples palavrinha...
Por fim, uma notinha. Mário Soares recebeu, na sua casa do Algarve, Oliver Stone, e gostou imenso. Conheceu o cineasta e a sua mulher e ficou a saber que Oliver vai publicar uma obra sobre Fidel Castro. Mas não se terá apercebido de que Martim Cabral, na SIC Notícias, entrevistou Oliver Stone, embora já depois da uma da manhã e sem que tal tivesse sido muito divulgado. Como sempre acompanho as notícias da meia-noite, vim a saber de tal acontecimento.
A verdade é que tenho tentado encontrar a mesma, tanto pela INTERNET como pelas gravações de que disponho em casa do meu filho, e nunca mais encontrei a referida entrevista. Mas cá fico à espera de uma tradução da obra de Oliver Stone e de um amigo seu sobre a verdadeira História dos Estados Unidos, THE UNTOLD HISTORY OF THE UNITED STATES. Mas será que esta obra será editada entre nós? Tenho muitas dúvidas...
