Uma vitória colossal

Hélio Bernardo Lopes
Finalmente, tiveram lugar as eleições primárias no PS, mas com um resultado de que muitos começaram a duvidar a partir de certo momento: uma vitória colossal de António Costa sobre António José Seguro.

Um resultado que confirma a interpretação correta do académico António Costa Pinto, há poucos dias, num debate que teve lugar na SIC Notícias, e segundo o qual lhe parecia existir uma forte correlação entre a distribuição do voto neste domingo e os resultados que foram sendo revelados em sucessivas sondagens nacionais. E devo dizer que, nunca tendo escrito isto, também sempre o referi nas convivências correntes.

Claro que António José Seguro, tal como o PS, tiveram aqui um outro êxito, dada a vasta votação que teve lugar nesta eleição. Um domínio onde sempre mostrei alguma dúvida, mas em que não tinha razão. De facto, duvidei sempre da corrida ao voto que agora acabou por se verificar. Uma realidade que cria agora ao PS um novo desafio, e que é o de fortalecer esta participação dos cidadãos, mesmo que simples simpatizantes do PS. Fica criado um espaço de manobra que, sendo amplo, permitirá revigorar o valor da prática democrática ao nível dos cidadãos. Um mero problema de imaginação e de autenticidade política.

Indubitavelmente, estas eleições têm, no mínimo, dois importantes significados, embora com algum condicionalismo: o que se prende com as eleições legislativas de 2015 e o ligado à necessidade de voltar a dar aos portugueses uma energia que lhes faça recuperar a felicidade perdida desde há três anos a esta parte.

Ninguém pode duvidar de que esta eleição constituiu um primeiro sinal sobre o que virá a ter lugar nas eleições de 2015. Uma realidade muito fácil de perceber, dado o estado de completo descrédito político em que se encontra a atual Maioria-Governo-Presidente de direita. Se os portugueses estiverem atentos ao que têm vindo a sofrer desde há três anos, e se o PS, agora sob a liderança de António Costa, souber usar bem o poder de que agora dispõe, talvez ainda possa pensar-se numa maioria absoluta, embora com uma probabilidade pequena.

Mas é essencial que o PS se determine, com toda a clareza, a devolver a esperança e a alegria aos portugueses, tão descrentes de tudo, desde que a fatídica Maioria-Governo-Presidente de direita chegou ao poder. Uma realidade a que se liga o imperativo de repor o Estado Social, por cuja destruição o País se tem vindo a esvair. Tudo está agora nas mãos da liderança do PS.

Mas este resultado colossal veio mostrar que, de facto, existia algum sentido de ausência de liderança no seio do PS e da comunidade nacional. Sempre que se criticava a atual Maioria-Governo-Presidente, em geral com violência e mesmo ódio, a verdade é que logo surgia o complemento ao redor da falta de fé no tipo de intervenção política de António José Seguro. E foi esta razão que determinou o surgimento de António Costa e o resultado desta eleição.

Por fim, uma pequena nota: se o PS de António Costa souber manobrar o poder no PS de um modo eficaz, as primárias poderão mesmo vir a aperfeiçoar-se, talvez também utilizadas por outros partidos, assim potenciando o interesse dos portugueses pela democracia. O que este tipo de consulta aos militantes do PS e aos seus simpatizantes não pode é ficar-se pela escolha do candidato a Primeiro-Ministro ou a Secretário-Geral. Tem de servir para reforçar as posições políticas do PS em domínios absolutamente centrais para os portugueses.

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