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Hélio Bernardo Lopes |
Algo inacreditavelmente, António José Seguro veio agora alinhar com a ideia de operar mudanças no Sistema Político. Mas trata-se, como pude já escrever, de uma reforma sobre o nada, até muito perigosa, porque a descrença dos cidadãos na política só tem a ver com a desgraça que os políticos do PSD, CDS/PP e PS criaram aos portugueses.
Nunca tendo sido muito interessados pela democracia, os portugueses querem viver, isso sim, com dignidade. E esta passa, por exemplo, pela aplicação das regras do Estado de Direito, para os portugueses muito mais importantes que o Estado Democrático. Neste sentido, os portugueses abrangidos pelo sistema contributivo da Segurança Social querem ver devolvidos os valores que, à revelia das regras do Estado de Direito, lhes foram tirados. Se lhes dermos a escolher, dicotomicamente, estre esta realidade e a da democracia, a grande maioria dos abrangidos opta por aquela. Não existem empadões de democracia...
Aqui está um tema sobre que os portugueses esperam clareza dos candidatos do PS: aceitam a destruição operada pela atual Maioria-Governo-Presidente, ou garantem aplicar as regras do Estado de Direito e devolver o que pertence a cada um dos espoliados?
Ontem mesmo, António Costa viu-se apoiado por quatro camaradas seus de grande prestígio histórico-político-social. Simplesmente, Mário Soares, bem como todos os que depois o seguiram, apontaram a vitória de Seguro nas europeias como algo sem significado, muito longe de uma maioria absoluta. Sabia-se, em todo o caso, que o PS venceria as eleições legislativas do ano que vem, embora garantidamente sem maioria absoluta. De molde que surge a questão: e se António Costa vencer as primárias e não for o PS além de 37 %? Que dirão Soares e os que ontem mesmo se puderam ouvir?
Nesta situação – um dado certo –, qual será a força política com que o PS se irá coligar? Bom, a História do PS é clara e não deixa margem a dúvidas: com o PSD. Ainda hoje o PS se encontra a anos-luz de concidadãos como eu ou como Diogo Freitas do Amaral, que já defendem que o PCP é um partido democrático, sem mácula desde 25 de Novembro de 1975, e que, por isso mesmo, não deve ser colocado como uma estrutura marginal. O problema está – esteve sempre – no histórico alinhamento do PS com a grande estratégia dos Estados Unidos...
Continuo hoje a pensar que o PS acabou por ser, afinal, o tal partido apontado por certo académico norte-americano, que sempre entendeu existir um partido a mais na vida política portuguesa. E não poderá deixar de equacionar-se as consequências da candidatura de António Marinho e Pinto, com o partido a que hoje se encontra ligado. E quem diz este, diz o PCP, o Livre, o Bloco de Esquerda, etc.. É, no fundo, o preço que o PS irá pagar por via do histórico apoio de Mário Soares a Pedro Passos Coelho – era muito simpático e podia-se com ele dialogar –, lamentavelmente materializado na infeliz visita à sede do PSD na companhia de Leonor Beleza e de Alexandre Soares dos Santos. Resultado final? A destruição do Estado Social, que Sócrates se esfalfou por defender. Um tiro que saiu tortíssimo aos que esperavam que os portugueses esquecessem o que lhes tem sido feito, sem exigirem o contrário aos que sigam os atuais...