Velhas e novas armas

Hélio Bernardo Lopes
Escreve diariamente
É bem verdade que a História se repete, embora em condições adaptadas às realidades próprias de cada tempo. É o que, em minha opinião, se pode já ver com alguma nitidez, até crescente, em lugares diversos do Mundo atormentado que no entretanto se criou, sempre sob os auspícios da política mundial dos Estados Unidos. Vejamos dois casos, um deles envolvendo ainda alguma dúvida, mas com o outro a seguir, com extremo rigor, modelos já muito antigos. No fundo, velhas e novas armas.

Velha arma é o que tem vindo a ter lugar na China, mais concretamente na região de Xinjiang e envolvendo a minoria islâmica dos uigures. São, indubitavelmente, os primeiros resultados da nova política de Barack Obama para o Pacífico, na sequência do fortíssimo crescimento da China, que foi uma ideia que se mostrou muito distante do que veio a dar-se.

A grande China foi sempre vista como um espaço vastíssimo para o investimento norte-americano e para a exploração dos respetivos recursos naturais. De resto, uma atitude em tudo similar começa a desenhar-se face ao continente africano por parte dos atuais Estados Unidos, onde o discurso está já a ser o mesmo que Carter trouxe com a sua presidência: os Direitos Humanos e o Estado de Direito, coisas que estão a anos-luz de estar presentes nos Estados Unidos.

Simplesmente, a ideia inicial dos Estados Unidos fracassou, porque a China mostrou ser capaz de tomar o controlo de si mesma, de se modernizar e de se estender economicamente a todo o Mundo, muito em especial ao tal continente africano, para o qual, como que por magia, os Estados Unidos parecem ter agora acordado...

Estratégia fundamental dos Estados Unidos para a China, em ordem a tentar dividi-la e enfraquece-la, é a sua decomposição em partes com tipicidade própria, como já haviam feito com os Estados que, depois de 1945, ficaram ligados à antiga União Soviética. Essa estratégia consiste em criar pontos humanos de apoio, exigir o respeito cultural pelos diversos grupos, apelar a um sentimento nacionalista destes, defender a (dita) liberdade religiosa, organizar visitas de líderes espirituais ocidentais, mormente católicos, e brandir a tal ideia dos Direitos Humanos. Tudo realidades que, sempre que necessário, são logo limitadas nos Estados Unidos, como sempre pôde ver-se desde há mais de um século.

Esta é a realidade ora a ser aproveitada pelos Estados Unidos, ao redor dos uigures, hostis ao domínio chinês da região, dizendo-se vítimas de discriminação e de exclusão dos investimentos em Xinjiang. Nos termos da violência que tem sobrevindo, os uigures – islamitas – dizem-se excluídos pela maioria han. Neste caso, como se começa a perceber, os Estados Unidos, com toda a parafernália de apoiantes ocidentais, de aparência independente, irão colocar-se ao lado dos islamitas. Mesmo que grupos armados de uigures tenham atacado uma esquadra da polícia, bem como edifícios públicos, com mortos e feridos.

As autoridades judiciárias chinesas garantem agora que esta agressão foi premeditada, e, olhando a modernização a nós trazida por Paula Teixeira da Cruz, procederam a julgamentos sumários. Tal como tantos dos nossos magistrados, advogados, comentadores e jornalistas tanto defendiam, embora o Tribunal Constitucional tenha considerado tal legislação inconstitucional.

Mas se o Governo Chinês já pôs em marcha a naturalíssima operação de luta antiterrorista, naturalmente comportando dezenas de prisões, exibição pública dos responsáveis e as consequentes condenações após julgamento sumário – lembremos a política que este Governo tentou com os julgamentos sumários e o que se passa agora em Gaza –, logo nos surgiram os já histórica e politicamente conhecidos grupos de direitos humanos, brandindo a ideia de que a política repressiva da China contra a cultura e religião dos uigures é que é a causa das tensões e da violência em Xinjiang. É caso para que exclamemos: onde é que nós já vimos este filme?...

Mas se esta é uma velha arma norte-americana, já os três buracos surgidos na Sibéria serão, dentro do que penso, uma nova arma dos Estados Unidos. Claro está que posso estar enganado, mas lá que penso estar certo, lá isso penso.

Acho estranho, nestes três buracos surgidos em tão pouco tempo, o seu formato e a sua profundidade: rigorosamente circulares e com profundidades que parecem variar entre umas dezenas de metros e uma centena. E o que logo me ocorreu foram as armas de energia, colocadas em órbita terrestre, porventura usando lasers, de que há muito se fala e de que nos foi já dado ver diversos programas informativos.

Não é uma arma conceptualmente impensável e existe já tecnologia capaz de a pôr em funcionamento. Se for assim, ela funciona, no quadro atual das relações russo-americanas – e para que estrangeiro perceba...– como um aviso e, naturalmente, uma humilhação. E se podem ser usadas em todo o lado da Terra, a Sibéria fornece um bom lugar para operar exibições de um potencial naturalmente conhecido por aqueles que interessa. Chegou-se a pensar assim com a bomba nuclear em face do Japão, antes do lançamento das duas bombas sobre cidades que não eram alvos militares. Dos outros – poderá ser o meu caso –, dir-se-á que se está perante mais uma teoria da conspiração. A verdade é que as aparências iludem.

São velhas e novas armas... E tudo sempre em nome da democracia, esse fantástico instrumento que serve para enfraquecer os povos e permitir a sua exploração pelos reais detentores do poder mundial. Será assim tão difícil perceber uma tal realidade, tão evidente ela é?

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