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Hélio Bernardo Lopes Escreve diariamente |
Ora, na nossa vizinha Espanha está agora a braços com a Justiça a Infanta Cristina e o seu marido, numa situação que, como há dias salientei, me custa aceitar que possa ser suscetível de que os portugueses acreditem poder ter lugar entre nós. Eu próprio também não acredito que, pelo nosso modo próprio de estar na vida, uma tal realidade pudesse aqui ser possível.
Simplesmente, o tempo corre e as coisas estão-se a suceder no espaço europeu a um ritmo veloz. E foi deste modo que, com alguma surpresa, ontem mesmo, logo pela manhã, me vi visitado, no meu café de trabalho, por minha mulher, que ali foi dar-me a conhecer o que se estava a passar com Nicolas Sarkozy.
Percebi facilmente o que poderia estar a ter lugar, estando absolutamente convicto de que, vasculhando bem e com vontade de aplicar a lei, será muito simples levantar uma razoável vastidão de indeterminações que se estabeleceram desde há uns dois anos a esta parte. E é bom averiguar o que, de facto, possa ter-se passado com Dominique Strauss-Kahn. Entre mil e um outros casos que se foram acumulando ao redor de Sarkozy.
De resto, estou em crer que também com François Hollande se poderão vir a levantar ligeiras mas significativas questões, nomeadamente a sua saída noturna, de lambreta, sob a protecção moral de um seu segurança e sem ir acompanhado da mala que permite a utilização presidencial de armamento nucleares. É um tema que ainda irá requerer a passagem de alguns anos deste mandato.
Mas este caso, porém, permite que aqui renove a pergunta que deixei ao leitor num outro texto anterior: acredita que seria possível uma realidade como a que está a agora a envolver Sarkozy, mas em Portugal? É uma pergunta muito natural, dado o que se passou com o caso das FP 25, com o do sangue contaminado e com o dos submarinos, mas no que diz respeito aos corrompidos portugueses. Pelo meu lado, como se percebe, simplesmente não acredito que tais realidades pudessem ter lugar em Portugal. Sobretudo, por via de uma marca cultural muito antiga e profunda. É a vida. A portuguesa, claro está.