Será que Deus me escutou?

Hélio Bernardo Lopes
Escreve diariamente
Num texto meu de há dias bem formulei os meus votos de que Deus iluminasse o espírito do atual Primeiro-Ministro, bem como o do líder do CDS/PP, no sentido de que estes viessem a receber novos chumbos do Tribunal Constitucional, de molde a que pudessem dar corpo à ideia de pedir a demissão do Governo ao Presidente Cavaco Silva, assim se conseguindo as tão desejadas eleições antecipadas. Sim, porque só raros não as desejarão.

Ora, na última edição do SOL, podia ler-se, logo na capa, o título, CHUMBO DO TC PODE LEVAR A ELEIÇÕES. Bom, fiquei contentíssimo, logo pela uma da madrugada de sexta-feira, pensando para comigo: são capazes de cair na ideia... De modo que espero mesmo que aquele título traduza a realidade que esteja a ter lugar ao nível dos atuais comandos do PSD e do CDS/PP. Claro que seria bom demais para ser verdade, mas a grande realidade é que é essencial manter esta esperança.

Tal como Luís Marques Mendes disse neste seu último comentário, eu também já havia salientado que muito do que por aí se tem vindo a escrever sobre os resultados das eleições europeias, ou se nos vai dando a conhecer como estimativas partidárias, é mera caricatura. Enquanto o resultado da coligação no poder traduz a sua realidade, porventura ligeiramente inflacionada, já o do PS reflete em muito o efeito da estrondosa abstenção. Tal como também pude já referir, a descrença na importância do voto democrático atinge mais os eleitores do PS, oriundos das classes média, média-baixa e baixa, do que os votantes do PSD e do CDS/PP.

Mas nós temos agora a mais recente sondagem, ontem surgida num grande diário nacional, e que vem mostrar, precisamente, o que acabo de escrever: o resultado eleitoral da atual maioria estava inflacionado, embora ligeiramente. Repõe-se, com esta sondagem, a distância sempre vista antes destas eleições mais recentes. O que quer dizer que a população portuguesa de há muito se deu conta de que deixou de existir lugar para a esperança e para aquele mínimo de garantias na vida em sociedade que são essenciais a uma vida familiar minimamente previsível.

Por fim, o que eu desde há tanto salientei: o terrível erro cometido pelos portugueses – foi à tangente, mas foi –, ao escolherem Aníbal Cavaco Silva para o alto cargo de Presidente da República. Hoje, tal como referi amiúde, já é possível comparar o Portugal do seu tempo de chegada com o que vai sobrar após o fim deste seu mandato. De um modo sucinto: uma desgraça, à beira de se marcar pelo fim da crença no mecanismo democrático. Uma desgraça!

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