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Hélio Bernardo Lopes Escreve diariamente |
Voltou à ribalta noticiosa, de um modo absolutamente evidente, o apoio da nossa direita no poder à subida de António Costa à liderança do PS, ao mesmo tempo que nos chegou uma nova crista ao redor do entendimento entre os partidos do arco do poder. Ou seja, de molde a que a futura liderança do PS, depois da atual refrega, venha a apoiar toda a política posta em prática, desde há três anos, pela atual Maioria-Goveno-Presidente.
À luz desta nova crista de defesa do tal entendimento – a nova liderança do PS vai dar-lhe corpo, como já se percebe...–, o Primeiro-Ministro aí nos surgiu a mostrar-se esperançado em que o PS saia reforçado da discussão da liderança interna e mais aberto a um entendimento partidário para promover o crescimento da economia e vencer a crise. Não se pode ser mais claro sobre o que está a passar-se no PS...
Melhorando esta sua exposição de ideias e desejos, o Primeiro-Ministro lá se mostrou crente de que o principal partido da oposição, estando absorvido por questões de natureza interna, sairá, com certeza, mais forte no dia seguinte à resolução dos seus problemas internos. Uma esperança que se volta para António Costa, como tão facilmente se percebe.
E logo continua, referindo ser essencial assegurar aos portugueses que não vamos andar aos solavancos nas políticas que possam perturbar a recuperação da economia, para que possamos, de uma vez por todas, não só fechar a emergência nacional, mas vencer a crise e pôr o país a crescer. Ou seja, para não haver solavancos, o PS terá de aceitar o que fez até agora a atual Maioria-Governo-Presidente, que será o contrário da recusa de Seguro em ir por tal caminho.
De seguida, voltou a pôr em causa o Tribunal Constitucional, mostrando contar com o futuro PS para evitar o recurso a este órgão de soberania, porque, em sua opinião, os portugueses precisam de saber com o que contam e alertou que não se pode, uma ou duas vezes por ano, estar a redesenhar os orçamentos, as perspetivas de execução do orçamento e as perspetivas económicas para o País.
Mas se este é o entendimento do Primeiro-Ministro sobre como deve atuar o PS, também o Presidente Cavaco Silva defende igual caminho. Como sempre se lhe ouviu, lá voltou a apelar a um entendimento partidário, que entende como de grande importância para os portugueses. Um entendimento até aqui nunca conseguido, dado que o PS de Seguro sempre se recusou a aceitar o caminho que a atual Maioria-Governo-Presidente tem vindo a pôr em prática.
Por tudo isto, o Presidente Cavaco Silva não desistirá de fazer esse apelo a um entendimento entre o PS e a atual Maioria, ou seja, à plena cedência da futura liderança do PS às políticas até aqui postas em prática pela atual Maioria-Governo-Presidente. Até José Pacheco Pereira já reconhece esta mesma realidade! Algo inacreditavelmente, o Presidente Cavaco Silva acredita que se a proposta de entendimento do passado ano tivesse singrado os portugueses estariam melhor!!
Por fim, esta maravilha do Presidente Cavaco Silva: depois de recusar o que quase toda a gente pede em Portugal – eleições antecipadas –, o Presidente Cavaco Silva chama a atenção para que vêm aí atos eleitorais para Assembleia da República, o Presidente da República e a Região Autónoma da Madeira. Portugal, diz o Presidente Cavaco Silva, não pode parar por quatro meses.
Mas, e a democracia? Suspende-se? É jogada ao faz de conta? O caminho é simples de perceber: o PS tem de ceder às políticas da atual Maioria-Governo-Presidente, assim esterilizando a democracia. Fica esta reduzida a uma fantochada. Mas há um dado que se tem podido ver: isto nunca foi possível com António José Seguro. Temos em mãos, pois, o magno problema do entendimento... E o leitor: já consegue dar-se conta do que realmente está em jogo?