Autoestrada Transmontana vai ter portagens: Autarcas e empresários reagem

O secretário de Estado dos Transportes disse, em Alijó, que o Governo está a estudar uma solução para a introdução de portagens na Autoestrada Transmontana, que liga Vila Real a Bragança. “Acontecerá uma de duas coisas: ou nós avançamos com o sistema de pórticos também na Transmontana ou, em alternativa, avançaremos com a outra solução que estamos a trabalhar, mas para a qual ainda não temos uma solução definitiva”, afirmou Sérgio Monteiro, que falava no Pinhão, concelho de Alijó. A Autoestrada Transmontana ficou concluída em setembro e, até ao momento, os automobilistas não pagam portagens em quase toda a sua extensão.

Autoestrada Transmontana vai ter portagens: Autarcas e empresários reagem
Os únicos troços portajados são as variantes de Bragança e Vila Real que têm como alternativa o atual Itinerário Principal 4 (IP4).

Sérgio Monteiro explicou que estão em curso projetos-piloto com vista a uma melhoria do atual sistema de portagens, em pórticos.

“Não temos ainda resultados conclusivos, daí que tivéssemos agora sido mais prudentes”, salientou.

Ou seja, segundo referiu, não se iria introduzir o sistema de pórticos que existe nas outras autoestradas, para o mudar daqui a um mês ou dois, daí que não há ainda uma data para a introdução de portagens nesta via.

O secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações lembrou que o Governo é defensor do “princípio do utilizador pagador”.

“Ninguém nos vê defender uma outra solução porque se não cai em cima dos utilizadores cai em cima dos contribuintes. Tenhamos noção que não há uma terceira via para pagar uma autoestrada”, sublinhou.

A Autoestrada Transmontana foi construída no âmbito de uma parceria público-privada adjudicada, em 2008, ao consórcio liderado pela Soares da Costa, com um custo de 510 milhões de euros.

A denominação que os automobilistas encontram nas placas informativas é A4, pois a via corresponde ao prolongamento da autoestrada que já liga o Porto a Amarante e que foi realizado em duas empreitadas, as autoestradas do Marão e a Transmontana.

Empresários e autarcas contra portagens na Autoestrada Transmontana Empresários e autarcas recusam a introdução de portagens na Autoestrada Transmontana, entre Vila Real e Bragança, e falam em retrocesso à década de 80 por serem obrigados a utilizar de novo a "sinuosa" Estrada Nacional 15 (EN).

Empresários e autarcas contra portagens na Autoestrada Transmontana 

mpresários e autarcas recusam a introdução de portagens na Autoestrada Transmontana, entre Vila Real e Bragança, e falam em retrocesso à década de 80 por serem obrigados a utilizar de novo a "sinuosa" Estrada Nacional 15 (EN).

Em reação ao anúncio do Governo, o presidente da Câmara de Murça, o socialista José Maria Costa, considerou que se trata de mais uma "machadada no Interior" e acusou o executivo de Pedro Passos Coelho de "só apresentar medidas que isolam cada vez" este território.


O autarca lembrou que a construção da 'Transmontana' ocupou grande parte do traçado do IP4 e que, por isso, a única alternativa que existe atualmente é a "perigosa e cheia de curvas" EN 15.

"No século XXI não se justifica essa estrada. Os quilómetros medem-se em tempo e regrediríamos aos anos 80 se tivéssemos que voltar a utilizar a Nacional 15", afirmou hoje à agência Lusa.

"Ou o Interior reage rápido dando um cartão vermelho a este Governo ou qualquer dia o Interior vai-se tornar uma terra de ninguém" Rui Santos, presidente da Câmara de Vila Real e da Federação Distrital do PS de Vila Real, salientou a "falta de alternativas" à Autoestrada Transmontana, também designada de A4, pois a via corresponde ao prolongamento da autoestrada que já liga o Porto a Amarante.

A cidade de Vila Real ficará rodeada de autoestradas portajadas, desde a A4 à A24, tendo, segundo o autarca "apenas como alternativa as velhinhas nacionais que estão em constante degradação e onde não foi feito nenhum esforço de manutenção".

"Ou o Interior reage rápido dando um cartão vermelho a este Governo ou qualquer dia o Interior vai-se tornar uma terra de ninguém, porque será impossível investir, criar riqueza e ter qualidade de vida nestas terras porque não haverá empresas, empresários ou empregos e tudo isto se tornará num imenso deserto", afirmou.



Luís Tão, presidente da Nervir - Associação Empresarial de Vila Real, referiu que a região está a ser "completamente fustigada de impostos que impedem o desenvolvimento e a coesão territorial".

A introdução de portagens na Transmontana é, para o responsável, "uma má notícia" e "um mau negócio" para os empresários da região.

"Os nossos empresários foram aqueles que sofreram o maior aumento de impostos, porque tivemos as portagens na A24, que não era portajada, tivemos a perda de benefícios fiscais e agora este anúncio de futuras taxas na A4 Vila Real/Bragança, são impostos que outros empresários não tiveram no país", frisou.

Quanto ao anúncio do regresso em breve do avião a Trás-os-Montes, Rui Santos fala em "desrespeito" pelos transmontanos, acusando o secretário de Estado Sérgio de Monteiro de "tentativa de ludibriar" a região em vésperas de eleições.

Distrital do PS reage 
O presidente da Federação Distrital de Bragança do PS, Jorge Gomes, declarou-se hoje contra a introdução de portagens na Autoestrada Transmontana por considerar que não há alternativas rodoviárias para os automobilistas que pretendam deslocar-se à região.

"Eu convido mesmo o senhor secretário de Estado [dos Transportes] a deslocar-se de Vila Real a Bragança sem ter de utilizar a A4 e depois iria perceber que não há condições de as pessoas se deslocarem sem o recurso a esta autoestrada", disse à Lusa o dirigente partidário regional.

"Secamente o Governo decidiu, agora, quer vai por portagens na Autoestada [Transmontana] e não podemos legitimar que tal aconteça. Vamos lutar com todos os meios" Em reação ao anúncio do Governo, o dirigente da distrital socialista de Bragança acrescentou que não se pode aceitar que o Governo mantenha "esta agressão" ao distrito de Bragança já que começou por perder a ligação aérea com Lisboa, a retirada do helicóptero do INEM, seguindo-se "um sucessivo encerramento" de serviços públicos na região.

"Secamente o Governo decidiu, agora, quer vai por portagens na Autoestada [Transmontana] e não podemos legitimar que tal aconteça. Vamos lutar com todos os meios, através do Grupo Parlamentar do PS, fazer a pressão necessária e, em termos de distrito, alertar e apelar a todos autarcas no sentido de nos mobilizamos no sentido de impedir a instrução de portagens", frisou.

Jorge Gomes referiu ainda que não se pode aceitar a" falta de respeito" com que o Governo tem estado a tratar a região transmontana.

"Toda atividade económica da região vai ser afetada com a introdução de portagens na Autoestrada Transmontana" concluiu.

A carreira aérea entre Trás-os-Montes e Lisboa foi suspensa em novembro de 2012.

Fonte: Lusa

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