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| Hélio Bernardo Lopes Escreve diariamente |
Em primeiro lugar, o facto de ser hoje possível uma tal realidade, a qual, como facilmente se percebe, está aí a caminho de piorar nos próximos anos. Doente em convalescença, ao que parece já sem casa, por desta ter sido despejada, porventura desempregada ou já idosa, a sociedade atual acabou agora de mostrar que este tipo de pessoas – uma enorme parte do Portugal de hoje – está à beira de ser atirado para o meio da rua. Literalmente.
Em segundo lugar, foi interessante a colocação da nossa concidadã à porta de uma igreja, porque esta senhora, e todos nós, pudemos agora confirmar que nada deste problema foi resolvido no âmbito das estruturas da Igreja Católica em Portugal. Talvez tenha tido lugar um telefonema para autoridades oficiais, mas pouco mais a Igreja Católica terá feito. Ou seja: se não surgisse o Estado, ninguém forneceria outra qualquer solução que não passasse por ali ficar, em plena rua e sujeita à ação devastadora dos elementos.
Como já todos hoje percebem, nós caminhamos para uma autêntica desgraça social, até porque o emprego hoje suscetível de ser criado em Portugal nunca poderá responder ao milhão e meio de carenciados dele mesmo. O que significa que se impõe olhar os deveres do Estado e dos cidadãos numa perspetiva de defesa da dignidade humana. Para lá do emprego que possa vir a ser criado à custa de investimento estrangeiro, ou da dinamização ao nível da CPLP, a verdade é que se impõe retornar ao interior do País, mas olhando-o com olhos de um desenvolvimento que nunca foram usados, porque o seu potencial é enorme.
Enfim, tenho de confessar que não me recordo de ter alguma vez imaginado que esta realidade pudesse vir a ter lugar em Portugal, Estado da (famigerada) União Europeia, para mais em pleno Século XXI. É caso para que gritemos: valha-nos Deus!
