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| Hélio Bernardo Lopes Escreve diariamente |
Nesta segunda-feira, porém, já pelas duas e pouco, sem que o sono me surgisse, fui encontrar uma repetição do referido programa na TVI 24. E quem foi que eu ali vi como convidada? Pois, Maria Filomena Mónica. E num ápice percebi: bom, se o Medina vai dizer mate-se, a Filomena dirá esfole-se. E assim foi. Fosse assim o Euromilhões, e eu estaria de há muito milionário.
Como de costume, o programa não teve um infinitésimo de interesse, mas valeu a pena ser visto por se ter ali falado, por parte de Maria Filomena Mónica, sobre o saber dos estudantes de hoje em matérias diversas. E o que foi que eu pude ouvir de Filomena, logo apoiada por Medina? Pois, que os jovens de hoje nada sabem da História de Portugal, desconhecendo quem na mesma foi o quê e pensando até, porventura, que D. Afonso Henriques era pai de D. Pedro. Um qualquer. Bom, caro leitor, fiquei estupefacto!
Acontece que eu sou biavô, sendo o meu neto, que faz hoje doze anos, o mais velho. Tendo a minha vida sido sempre ligada à docência e à política, acompanho, naturalmente, a evolução escolar dos meus netos e dele muito em particular. E uma das disciplinas que ele teve no quinto e no sexto ano foi, História e Geografia de Portugal, suportada na ação das duas professoras que o ensinaram e em cinco excelentes manuais. Pois, caro leitor, depois de se começar com uma análise da Península Ibérica, acaba por se chegar à Revolução de 25 de Abril. Toda a História de Portugal é varrida nestes dois anos, embora com o desenvolvimento adequado à idade e ao tempo escolar.
Pelo meio de tudo isto, adotando uma postura silenciosa, Medina dizia que sim, que estes tipos agora não sabem nada, porque no seu tempo é que sim. Já perto do fim, a convidada foi ainda mais longe, defendendo que seria melhor ir-se apenas até um nono ano, mas muito bom, que ir até ao décimo segundo, mas com os estudantes sem nada saberem!! Bom, caro leitor, isto já não é ridículo, é um atrevimento inenarrável!
Mas, afinal, o que está por detrás de tudo isto? Muito simples: pretende criar-se uma justificação para impedir a chegada ao ensino superior dos jovens oriundos das classes humildes, que irão agora ser a enorme maioria, em face do desemprego, da pobreza e da miséria dos pais. Trata-se, pois, de uma das facetas da estratégia de destruição do elevador social, há dias muito bem expressa por José Pacheco Pereira.
Por fim, um qualquer livro de Maria Filomena Mónica, certamente sem um interesse ínfimo, suportado num conjunto de testemunhos anónimos, e que, por isso mesmo, não podem ser sujeitos a contraditório. Uma situação similar, portanto, à dos tais oitenta mil portugueses que estariam a receber Rendimento Social de Inserção, mas com muito dinheiro no banco, e que são apenas, afinal, duzentos e cinquenta. Já estou como o outro: chapéus há muitos... Inenarrável!!
