Hélio Bernardo Lopes Escreve diariamente |
A generalidade dos presentes neste mais recente EIXO DO MAL, ainda que com opiniões diversas ao redor da globalidade do problema, lá se viu obrigada a reconhecer a evidência: sendo um programa de opinião – até se chama, A OPINIÃO DE JOSÉ SÓCRATRES –, não tem que ter o contraditório típico de uma entrevista. E, como facilmente se percebe, José Rodrigues dos Santos não faria o que fez se tivesse que entrevistar, por exemplo, o Presidente Cavaco Silva, ou o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
Mais interessante foi constatar que mesmo os que criticam este tipo de jornalismo televisivo de opinião até o compreendem no caso de Marcelo, supostamente porque haverá aqui uma capacidade e um jeito muito singulares. Ou seja: não conta o princípio, antes o suposto jeito ou singularidade.
Dois dados se tornaram agora claros. Por um lado, José Rodrigues dos Santos mostrou claramente o seu posicionamento político, ou não teria atuado como adversário de José Sócrates e da ação política do PS no Governo. O que determinará que futuras intervenções suas com outros políticos irão sempre ser apreciadas com base neste seu infeliz precedente. E, por outro lado, este tipo de entrevista feita contra um antigo Primeiro-Ministro – e para mais Sócrates, que até tem a razão do seu lado...– acabará sempre por mostrar o abismo em preparação nos temas da vida do País entre Sócrates e o jornalista. Todos reconheceram uma tal realidade.
Este episódio do EIXO DO MAL acabou por mostrar, precisamente, o que logo se tornou claro na noite de domingo, nas conversas de café, mas, acima de tudo, na segunda-feira: José Rodrigues dos Santos perdeu mesmo na aposta que quis fazer. Seria sempre um desfecho anunciado.
Por fim, uma historieta que se tem tentado vender sobre José Sócrates, ao redor da sua frase, eu não vinha preparado para isto. Esta frase nunca significou que Sócrates não sabia responder aos temas sem suporte colocados por Rodrigues dos Santos, mas sim que, pela natureza do programa, o mesmo não era um debate entre políticos de partidos opostos, mas sim um programa de opinião televisiva: A OPINIÃO DE JOSÉ SÓCRATES.