Viticultores do Douro, actores e elementos do movimento "Que se lixe a troika" juntaram-se ontem, em Vila Real, para vaiarem e assobiarem o primeiro-ministro.
Em frente ao Teatro de Vila Real, onde decorria a gala de entrega do Prémio Douro Empreendedor, os manifestantes assobiaram e gritaram palavras de ordem como "gatuno" ou "Passos para a rua, a luta continua" quando Pedro Passos Coelho chegou.
Entre a cerca de uma centena de manifestantes encontravam-se viticultores do Douro, que empunhavam faixas onde podia ler-se "Não às novas regras fiscais para a lavoura" ou "A Casa do Douro é nossa, queremos a devolução dos seus direitos".
O alerta foi lançado pela Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (Avidouro) e surge em resultado das novas obrigações fiscais a que os agricultores estão sujeitos.
Todos os agricultores com actividade comercial vão passar a ser obrigados a declarar o início de actividade e estão sujeitos a IVA se obtiverem um rendimento anual bruto superior a 10 mil euros. Têm ainda de passar factura de todas as transacções comerciais.
Os produtores durienses queixam-se ainda de uma crise que se arrasta há mais de uma década, com quebras consecutivas nos rendimentos em contrapartida ao aumento dos factores de produção.
Já os atores e técnicos da Filandorra vestiram-se de negro e amordaçaram a boca para protestarem contra a falta de apoios à companhia de teatro.
A Direcção Geral das Artes (DGArtes) não atribuiu à Filandorra o apoio quadrienal, a que a companhia se tinha candidatado.
Trabalham neste grupo 15 pessoas, entre colaboradores e efectivos.
"Queremos fazer teatro e estamos aqui para protestar contra o corte radical nos apoios que nos atribuíram", afirmou o director da companhia David Carvalho.
O grupo de teatro empunhou uma faixa onde estava escrito "Filandorra 25 anos a fazer teatro em Trás-os-Montes".
David Carvalho apelou ainda à solidariedade do "também transmontano" Pedro Passos Coelho.
Alguns elementos do movimento "Que se lixe a troika" anteciparam ainda a manifestação agendada para sábado, um pouco para todo o país, e aproveitaram para pedir, mais uma vez, a demissão do executivo de Passos Coelho.
O primeiro-ministro cumpre hoje o primeiro de dois dias de visita a Trás-os-Montes, seguindo depois, no sábado, para o distrito de Bragança.
Lusa